Onde a tradição
e o futuro se
encontram
Uma cidade plural com uma mistura de gerações, cores, crenças e sabores, que inspira paixões, respira história e tradições. Ao mesmo tempo, transpira modernidade e o frescor da inovação, com um olhar para o futuro. Esta é Vitória, a Capital do Espírito Santo que, neste 8 de setembro de 2021, completa 470 anos cheia de vitalidade e fôlego para inovar e avançar.
Cidade Presépio, Ilha do Mel, Cidade Sol, Vitorinha, Vix, a segunda capital mais antiga do Brasil se destaca nacionalmente também em diferentes indicadores, que comprovam sua qualidade de vida e potencial de desenvolvimento econômico, social e ambiental, gerando oportunidades.
Um exemplo é a mais recente conquista da cidade: neste mês, obteve a 5ª posição geral no Ranking Connected Smart Cities 2021, sendo a 1ª em Educação e também a 1ª entre as cidades de 100 mil a 500 mil habitantes. A Capital é ainda a 6ª mais competitiva do Brasil, de acordo com o Ranking de Competitividade dos Municípios em 2020, que considera fatores como inserção econômica, inovação e dinamismo, formalidade no mercado de trabalho, recursos para pesquisa e desenvolvimento científico e empregos no setor criativo.
Esses indicadores também se traduzem nas palavras de quem vive o dia a dia da cidade, e alguns desses relatos você verá nas próximas páginas, de jovens que decidiram transformar suas realidades a empreendedores e entidades que fazem parte da construção desses resultados. São dados que mostram também os desafios para que esses indicadores sejam cada vez mais positivos e inclusivos.
Em uma ilha com tanta história para contar também não faltam belezas naturais e atrações culturais e turísticas. De construções seculares a parques naturais, são muitas as opções de lazer na cidade que ainda é convite a atividades ao ar livre e, principalmente, relacionadas ao mar.
Aproveite para dar um passeio e conhecer um pouco mais a Capital nesta publicação interativa, uma homenagem que integra as comemorações dos 25 anos da Rádio CBN Vitória, que faz parte da história da cidade e a vive intensamente em sua programação diária.
Parabéns, Vitória,
pelos seus 470 anos!
Flávia Martins
Editora do Estúdio Gazeta
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GERENTE DO ESTÚDIO GAZETA
Mariana Perini
EDITORA DO ESTÚDIO GAZETA
Flávia Martins
EDIÇÃO
Aline Nunes
TEXTOS
Adalberto Cordeiro
Jaqueline Vianna
José Carlos Schaeffer
Manuella Romeiro
Matheus Tebaldi
Pedro Cunha
FOTOS
Edson Chagas
Rodrigo Gavini
Arquivo A Gazeta
PMV
Governo do ES
DESIGN
Geraldo Netto
PUBLICAÇÃO DIGITAL
DIRETOR DE NEGÓCIOS
Marcello Moraes
DIRETOR DE JORNALISMO
Abdo Chequer
DIRETOR DE MERCADO
Márcio Chagas
EDITORA-CHEFE
Elaine Silva
GERENTE DE EVENTOS E PROJETOS
Bruno Araújo
ENDEREÇO
A Gazeta
Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo,
Vitória, ES, CEP: 29053-315
Sumário
Nonsul tatussolius, vide consum satraris rendem dem
Ignatum obsent. Grarem quam sentest fice actuus
Tumeruntrudam iaccio, co iam uncum cissicae abus
Fuit. Ebatissimis locchuium te con deo elium nortem
Fuit. Ebatissimis locchuium te con deo elium nortem
Quampridem potemquam defac ta dit nit; noctur. Sp
Nonsul tatussolius, vide consum satraris rendem dem
Ignatum obsent. Grarem quam sentest fice actuus
Tumeruntrudam iaccio, co iam uncum cissicae abus
Fuit. Ebatissimis locchuium te con deo elium nortem
Fuit. Ebatissimis locchuium te con deo elium nortem
Aos 470 anos, Vitória se revela uma cidade moderna e conectada
VITÓRIA DO FUTURO
SETEMBRO 2021
4
A Capital do Espírito Santo demonstra, nos diversos rankings que ocupa e no dia a dia das pessoas, que o futuro já é bastante presente
Moderna, conectada e capaz de gerar oportunidades. Assim é Vitória, a capital dos capixabas que, ao completar 470 anos de história em 8 de setembro de 2021, mantém-se num aperfeiçoamento contínuo que a torna cada vez mais preparada para as demandas que o futuro requer, qualidades hoje já reconhecidas em diversos rankings entre os municípios brasileiros, mas, principalmente, no dia a dia das pessoas.
Criado no Bonfim e atualmente morador de São Benedito, Sávio Varejão, de 25 anos, sente os resultados de Vitória estar entre as cinco cidades mais inteligentes e conectadas do Brasil, segundo Ranking Connected Smart Cities 2021. Desde 2009, quando ele tinha apenas 13 anos, a cidade já tinha sinal liberado para internet wi-fi em diversas regiões, programa da prefeitura hoje chamado Vitória Online, que ele sempre utilizou.
Crescendo conectado, ele viu uma oportunidade de ir além e trabalhar com design de jogos eletrônicos com outros quatro amigos: Ludimila Brandão Falcão, 22 anos; Jean Henrique Cirilo, 20 anos; George Cirilo, 21 anos; e Johnston Ferreira, 21 anos.
Juntos eles elaboraram o “Crias Conscientes”, um dos produtos da atividade prática das formações oferecidas pelo Projeto Economia do Bem, realizado pela Associação Ateliê de Ideias, em parceria com a Prefeitura de Vitória.
Mas o “Crias Conscientes”, que pode ser baixado gratuitamente na internet, não é um jogo de perguntas e respostas qualquer. Ele tem personagens inspirados nos moradores dos bairros e se utiliza de paisagens reais e conhecidas do território que os jovens moram, como as praças de Itararé e Bairro da Penha, para divulgar as informações sobre a região e incentivar o consumo consciente e de forma divertida.
“Para mim, é uma realização poder recriar o meu bairro. Eu, que nunca tinha pensado a respeito, hoje faço curso de Design porque é a área que quero seguir”, diz Sávio, demonstrando na prática o orgulho de sua região, o sentimento de “pertencimento” e o valor da criação de conexões e geração de oportunidades de futuro.
VITÓRIA DO FUTURO
Fernando Madeira/Arquivo A Gazeta
SETEMBRO 2021
5
VITÓRIA DO FUTURO
Um município que brilha
em rankings nacionais
Cercada de belezas naturais em seus 97,123 km² de área urbana, há décadas a Cidade Sol também brilha em diversas outras áreas. Entre os destaques, Vitória é a sexta cidade mais competitiva do Brasil, de acordo com estudo do Centro de Liderança Pública (CLP), que criou o Ranking de Competitividade dos Municípios em 2020.
Vitória tem 60,41 pontos no ranking, apresentando uma distância considerável da média nacional que é de 46,61 pontos. O levantamento considera fatores como inserção econômica, inovação e dinamismo, formalidade no mercado de trabalho, recursos para pesquisa e desenvolvimento científico e empregos no setor criativo.
A cidade de Vitória também está sendo premiada, agora em setembro, no Ranking Connected Smart Cities 2021, sendo a 5ª na classificação geral, 1ª em Educação e também 1ª entre as cidades de 100 mil a 500 mil habitantes.
“Tudo isso representa um potencial enorme, especialmente com os avanços feitos no ambiente de inovação e na melhoria do ambiente de negócios. São resultados de transformações perceptíveis na infraestrutura da cidade. Vitória foi a primeira capital brasileira a concluir, por exemplo, o Plano Diretor de Tecnologia de Cidades Inteligentes (PDTCI), em 2020”, aponta o diretor técnico do Sebrae/ES, Luiz Toniato.
Para Tyago Hoffmann, titular da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (Sectides), uma das soluções tecnológicas que ajuda a cidade a se sobressair é o Metrovix, anel de fibra ótica que há mais de uma década interliga entidades de pesquisa e o poder público.
Vitória aparece em 1º lugar em Educação no Ranking Connected Smart Cities 2021
Jansen Lube/PMV
Tudo isso representa um potencial enorme, especialmente com os avanços feitos no ambiente de inovação e na melhoria do ambiente de negócios. São resultados de transformações perceptíveis na infraestrutura da cidade”
Luiz Toniato
Diretor técnico do Sebrae/ES
Divulgação/Sebrae
SETEMBRO 2021
6
Vocação para inovar
A diretora-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Inovação e Turismo de Vitória, Camila Brandão, avalia que a inovação é uma vocação da Capital, voltada para ambiente de negócios mas também para aprimorar os serviços ao cidadão.
Vitória conta com uma rede de saúde interligada com prontuários eletrônicos; semáforos inteligentes em instalação, com utilização da tecnologia IoT - Internet of Things, na sigla em inglês, ou Internet das Coisas - e capacidade de se autorregular a partir da percepção do movimento do tráfego; automatização e simplificação de processos para abertura de novos empreendimentos; internet gratuita nas diversas regiões através do Vitória Online; e automação na segurança pública com o videomonitoramento e o acompanhamento das ocorrências em tempo real, para citar alguns exemplos.
“Reter talentos é um dos nossos principais desafios, além de democratizar o acesso à tecnologia para todas as regiões. Tudo isso com uma grande infraestrutura e base na legislação”, enfatiza a diretora-presidente.
Um dos caminhos para reforçar ainda mais a vocação da cidade é, assegura Camila Brandão, finalmente tirar do papel o Parque Tecnológico de Vitória, em Goiabeiras. “O momento atual é de preparação de leis para fomento de empresas de base tecnológica e a expectativa é que o lançamento seja nos primeiros meses de 2022”, planeja.
O Estado também se faz presente quando o assunto é inovação na Capital. Segundo Tyago Hoffmann, o governo capacita, coordena, monitora, apoia, financia e concede recursos não reembolsáveis para a área, por meio das Escolas Técnicas, Conselhos, participação na Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), lançando editais através da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e participando de fundos de inovação com o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).
E ainda são operacionalizadas políticas nacionais, tais como o Programa Centelha e o Tecnova, além do laboratório de cidades inteligentes, com pesquisas na área de IoT, coordenado pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e localizado no Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento (CPID).
“A cidade conta ainda com diversos habitats de inovação, entre os quais incubadoras, aceleradoras, hubs, espaços de coworking e laboratórios de inovação aberta. Podemos destacar o FindesLAB, o Base27, a TechVitória, SebraeLab, Agência de Inovação do Ifes e o Instituto de Inovação Tecnológica (Init) da Ufes. São muitas iniciativas a serem destacadas com foco nesta virada tecnológica”, pontua o secretário.
A Capital tem uma rede de saúde interligada com prontuários eletrônicos dos pacientes
Jansen Lube/PMV
VITÓRIA DO FUTURO
Reter talentos é um dos nossos principais desafios, além de democratizar o acesso à tecnologia para todas as regiões. Tudo isso com uma grande infraestrutura e base na legislação”
Camila Brandão
Diretora-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Inovação e Turismo de Vitória
Bárbara Bueno
A cidade conta com diversos habitats de inovação. São muitas iniciativas a serem destacadas com foco nesta virada tecnológica.”
Tyago Hoffmann
Secretário estadual da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico
Divulgação/Governo do ES
SETEMBRO 2021
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VITÓRIA DO FUTURO
Alexandre Rodrigues e Bruno Vivas
Renata Lage e Tiago Rossi
Um bom lugar para
se fazer negócios
Para quem tem uma ideia na cabeça e quer empreender, Vitória é um bom lugar para colocar o projeto em prática. Não à toa, está entre os municípios mais competitivos e também ocupa a 4ª posição entre as 100 cidades mais empreendedoras do Brasil.
O casal Tiago Rossi e Renata Lage vivenciou o que esses dados representam. Antes da pandemia, na Mental Pro, eles tinham um projeto de monitoramento da saúde mental de trabalhadores, com a proposta de que as empresas cuidassem melhor de seu público interno a partir de dados coletados por meio de ferramenta tecnológica.
“Com a chegada da pandemia, a solução tecnológica passou a ser uma demanda real nas empresas. Mas o começo é sempre incerto e estávamos ainda em desenvolvimento”, lembra Tiago. Foi então que Alexandre Rodrigues e Bruno Vivas, sócios na Brooder, encontraram a startup do casal numa rede social da internet, e quiseram financiar o projeto. Era o que faltava para o negócio prosperar, e hoje o casal colhe o fruto de novas contratações da solução que oferecem.
“Trabalhamos com orientação e investimento, ajudamos no início da caminhada de quem está empreendendo, e o fato de estarmos em Vitória é muito bom. Além de ter uma base tecnológica, a cidade conecta pessoas. Há um estudo (da Microsoft) que diz que seis pessoas separam você de qualquer outra, seja o Papa, seja o presidente dos Estados Unidos. Em Vitória, acredito que deva ser duas ou três, isso é ganho e poder”, valoriza Rodrigues.
“Além disso, aqui pode-se pensar em negócios globais, pela facilidade da internet. Também, se um empreendimento dá certo em Vitória, é grande a chance de dar certo em qualquer lugar”, complementa Vivas. adjust
Ranking Connected
Smart Cities 2021
5º lugar geral
1º em Educação
1º entre as cidades de
100 mil a 500 mil habitantes
Mais transparência
Vitória é a Capital mais transparente do Sudeste e a 2ª do Brasil no Índice de Transparência da Covid-19 (ITC-19) 3.0. O levantamento é da Open Knowledge Brasil (OKBR).
Competitividade
O município de Vitória é o 6º mais competitivo do Brasil, de acordo com estudo do Centro de Liderança Pública (CLP), que criou o Ranking de Competitividade dos Municípios em 2020.
Empreendedorismo
De acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras de 2021, Vitória ocupa a 4ª posição entre os 100 municípios mais empreendedores do Brasil.
Startups
Dados da associação brasileira que representa o segmento mostra que Vitória, em 2019, ocupava o 9º lugar no ranking de densidade de startups - relação entre o número de startups e a sua população.
Divulgação
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mobilidade
Uma cidade
sobre duas rodas
Leonardo Silveira/PMV
SETEMBRO 2021
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Uma cidade
sobre duas rodas
mobilidade
Em Vitória, ciclistas podem cortar praticamente todo o município em ciclovias e outros espaços próprios para a prática segura do pedal
Uma cidade sustentável é aquela que incentiva o uso de meios renováveis e que não poluem o meio ambiente. Na mobilidade urbana, isso é primordial, com ações para priorizar o uso do transporte público e fornecer estrutura para utilização de veículos como as bicicletas.
Em Vitória, os ciclistas podem cortar praticamente todo o município em ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas que permitem a prática do “pedal” em segurança. São 70,71 quilômetros, incluindo ainda um trecho de calçadas compartilhadas.
Do extremo norte da cidade, na ciclovia da avenida Munir Hilal, em Jardim Camburi, até o Tancredão, no bairro Mário Cypreste, na região central, o ciclista pode fazer a maior parte do percurso em áreas adequadas para as bikes. Nesse trajeto, são apenas pequenos trechos em que ainda precisa passar pela pista de rolamento.
Com a extensa malha cicloviária, muitos deixam o carro ou mesmo o ônibus de lado para ir ao trabalho e outros compromissos do dia a dia, enchendo de orgulho a cidade que quer ser referência na mobilidade urbana para todo o país.
É o caso do porteiro Paulo Sérgio de Oliveira, de 52 anos, que, há mais de duas décadas, faz o trajeto diário do bairro Mário Cypreste até a Praia do Canto, de bicicleta.
Ao longo do tempo, ele observou que a estrutura foi aprimorada, com a implantação de mais trechos de ciclovia e melhoria de outros. Alguns pontos ainda precisam ser recuperados, como desníveis de pista, mas Paulo Sérgio considera uma boa opção para a sua rotina.
“Considerando o todo, o meu caminho é seguro e até ágil se comparado ao tempo que gastaria de ônibus, por exemplo”, avaliou.
ATIVIDADE FÍSICA
As ciclovias em Vitória também são bastante utilizadas por quem tem no pedal uma atividade física de rotina ou curte passear pela cidade. O universitário Guilherme Lima, de 25 anos, herdou esse gosto do pai e agora desbrava a Capital pelas pistas.
“Ando de bike desde quando me entendo por gente; meu pai sempre me incentivou e sempre curti pedalar com ele. Hoje eu tento andar de bicicleta de duas a três vezes na semana, pelo menos, para me exercitar, lazer e por me permitir fácil acesso a qualquer lugar, podendo parar quando quiser”, pontuou.
Guilherme costuma fazer o trajeto do Centro, onde mora, até Jardim Camburi. Para ele, as ciclovias ao longo do trecho oferecem um bom percurso, além de um lindo visual a ser contemplado pela Beira-Mar. O universitário elogia as ciclovias inauguradas mais recentemente, nas avenidas Leitão da Silva e Vitória, mas acredita que tem espaço para novas estruturas.
“O caminho que eu faço é muito lindo e pouco valorizado. Fazer essa pedalada praticamente costeando Vitória é algo surreal! Vejo que estão começando a dar mais esse valor à mobilidade, como podemos observar a nova avenida Vitória e também a Leitão da Silva, onde foram feitas ciclovias no meio da avenida, facilitando a vida de todos e sendo um meio alternativo para quem pedala e quer ter um novo ponto para pedalar, além de um espaço seguro para quem usa a bike como meio de trabalho”, completou.
PLANO DE MOBILIDADE
E, para tornar a convivência entre carros e bicicletas ainda melhor em Vitória, a prefeitura já está preparando a licitação do novo Plano de Mobilidade para a Capital. O secretário de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana, Alex Mariano, contou que procedimentos já foram iniciados e devem dar um panorama das principais necessidades da cidade, tanto a curto quanto a longo prazo.
“O plano vai mostrar os aspectos da cidade. Como ela está se comportando, como vai ser o crescimento. E Vitória não é uma cidade isolada, é um corredor metropolitano. Esse plano vai nos fazer enxergar como Vitória está hoje e como vai ser lá na frente”, destacou.
No plano, a malha cicloviária está contemplada. Alex Mariano ressaltou que um mapeamento de projetos para novas ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas será estudado.
“A empresa vai fazer o trabalho de origem x destino, pesquisas, projetos viários, projetos de ciclovia, ciclofaixa e ciclorrotas. Ela vai nos dar uma leitura ampla do que podemos fazer. O plano vai dar um norte para seguir”, contou.
Além do parecer técnico e das projeções a serem realizadas, de imediato a prefeitura já realiza ações educativas, principalmente nas ciclorrotas. Segundo o secretário, é importante que motoristas e ciclistas tenham boa convivência na pista, para além dos trechos exclusivos.
“Criar ciclorrotas é uma boa
alternativa. Inclusive para a
educação no trânsito. A via,
muitas vezes, é compartilhada.
Não necessariamente na calçada,
numa ciclovia ou ciclofaixa.
Então, a questão de segregar
é importante, sem dúvida, mas
também é uma ação de educação
de trânsito, que tem que ser
contínua. Estamos planejando
ações contínuas de educação”,
concluiu Alex Mariano. adjust
No trajeto para o trabalho, Paulo Sérgio de Oliveira avalia que o percurso é seguro e mais rápido de bicicleta
O universitário Guilherme Lima pedala de duas a três vezes por semana: “o caminho é lindo!”
A ciclovia é uma pista construída à parte da pista de rolamento para os carros. Geralmente no canteiro ou ao lado da via principal, é exclusiva para os ciclistas e não é permitida a circulação de outros veículos como carros e motos. São 33,61 quilômetros em Vitória.
Na ciclofaixa, existe a divisão da pista de rolamento dos carros para a dos ciclistas, com sinalização horizontal e tachões. A faixa, nesse caso, é exclusiva do ciclista. A Capital tem 25,48 quilômetros nesse modelo.
Já na ciclorrota, existe o compartilhamento da faixa de carros com os ciclistas, e todos devem circular em harmonia. A ciclorrota possui legendas de identificação no solo e placas. As bicicletas têm prioridade de circulação em relação a carros e motocicletas. O município dispõe de 7,93 quilômetros nessa especificação.
A calçada compartilhada, como o nome sugere, refere-se a trechos em que a calçada é compartilhada entre pedestres e ciclistas. O espaço é grande e conta com sinalização específica. Vitória tem 3,68 quilômetros de pista nessa modelagem.
O Plano de Mobilidade vai mostrar os aspectos da cidade. Como ela está se comportando, como vai ser o crescimento. E Vitória não é uma cidade isolada, é um corredor metropolitano. Esse plano vai nos fazer enxergar como Vitória está hoje e como vai ser lá na frente”
Alex Mariano
Secretário municipal de Transportes,
Trânsito e Infraestrutura Urbana.
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Projetos estruturantes
para eliminar gargalos
no trânsito
mobilidade
SETEMBRO 2021
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mobilidade
Duas importantes intervenções estão em andamento em Vitória para reduzir congestionamentos
Gargalos históricos para a mobilidade urbana de Vitória, o Portal do Príncipe e a Rodovia das Paneleiras (antiga Reta do Aeroporto) estão passando por intervenções para melhorar a fluidez de veículos e facilitar a circulação de pessoas.
Nos dois projetos, a perspectiva é a de reduzir congestionamentos, integrar ciclovias e promover a urbanização de regiões de pontos distintos da Capital. O Portal do Príncipe é no Centro, no qual desemboca um grande fluxo de veículos de Cariacica e de Vila Velha, e a recém-batizada rodovia, nas imediações da Grande Goiabeiras, está estrangulada para a intensa movimentação Vitória-Serra.
PORTAL DO PRÍNCIPE
Com previsão de entrega para novembro de 2021, o Portal do Príncipe vai facilitar o dia a dia dos que circulam por lá de carro, ou mesmo a pé. Além da ampliação de pistas e maior segurança viária, um espaço de lazer está sendo implantado no local, com praças e quadras de esportes. O custo total é estimado em R$ 42 milhões.
“O projeto tem uma relação grande com o trânsito de Cariacica e Vila Velha; com a descida da Segunda Ponte e a saída das Cinco Pontes. Além do fato que a região era bastante degradada, com edificações abandonadas. Então, é uma forma de melhorar a mobilidade, o trânsito, e ainda humanizar a região”, ressaltou Fábio Damasceno, secretário estadual de Mobilidade e Infraestrutura.
RODOVIA DAS PANELEIRAS
Parte da intervenção do Complexo Viário de Carapina, a Rodovia das Paneleiras liga Vitória a Serra e será totalmente revitalizada. As obras incluem a ampliação da pista, com a inclusão de mais uma faixa, construção de calçada e ciclovia em todo o trecho.
Essa é a primeira das três etapas que serão realizadas nas obras do Complexo Viário de Carapina, que deve mudar o trânsito na região, principalmente no cruzamento da BR 101 com a avenida João Palácios, via de acesso para Bairro de Fátima. adjust
Portal do Príncipe
As primeiras mudanças começam após a Segunda Ponte. Quem precisa retornar ou seguir para a região da Grande Santo Antônio, já conta com uma alça na descida, agilizando o trajeto.
Outra importante alteração é a extinção do trânsito na Ponte Seca, que será destinada apenas para a circulação de pessoas e bicicletas, e a reversão da rua Beresford Martins Moreira, que servirá como retorno para quem vem das Cinco Pontes e também como saída do Porto de Vitória.
Com isso, a avenida Alexandre Buaiz será ampliada e passará a ter seis faixas, duas para o retorno na rua Beresford Martins Moreira, três para quem segue no sentido Centro de Vitória, e uma para acesso ao Porto e à Ilha do Príncipe.
Outra mudança é a construção de uma baia de ônibus nas imediações do Palácio Anchieta, para retirar a obstrução da via como acontece atualmente, para dar mais fluidez ao trânsito.
Complexo Viário
de Carapina
1ª
corresponde ao trecho de Vitória, da Rodovia das Paneleiras, onde serão realizados os serviços de implantação de três faixas por sentido, calçada e ciclovia. A obra conta com serviços de drenagem, paisagismo e iluminação em todo o trecho.
2ª
corresponde ao trecho da Serra até o viaduto de acesso à Rodovia do Contorno, onde serão implantadas 4 faixas de rolamento por sentido, sendo uma faixa multiúso, que contarão com acesso às edificações e como baias de ônibus. No canteiro central será implantada uma área de convivência e lazer, com dez metros de largura. Essa etapa deve começar a ser realizada em dezembro deste ano e ser entregue até julho de 2022.
3ª
terá início em janeiro de 2022 e corresponde a construção do viaduto para os novos acessos aos bairros Jardim Carapina e Eurico Salles. Essa fase começará antes da finalização da segunda etapa.
Reduzir os congestionamentos com a prioridade para o transporte público; reorganização de calçadas e implantação de ciclovias, para uma melhor mobilidade também dos ciclistas; estrutura de lazer para a população. Esse é o objetivo do Portal do Príncipe”
Fábio Damasceno
Secretário estadual de Mobilidade
e Infraestrutura
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As grandes transformações na mobilidade urbana
mobilidade
Vitor Jubini/arquivo a gazeta
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Importantes avenidas passaram por obras para melhorar a circulação de veículos e também para dar mais espaço a ciclistas e pedestres
O município de Vitória é cortado por avenidas importantes que fazem mais do que a conexão entre bairros. São eixos que possibilitam a mobilidade para além dos limites da Capital. Na última década, parte dessas vias passou por grandes transformações que favoreceram não apenas a circulação de veículos, mas também de ciclistas e pedestres, e ainda contribuem para o desenvolvimento econômico da região.
Ligando Vitória à vizinha Serra, a Fernando Ferrari começou a apresentar um esgotamento de sua capacidade no início dos anos 2000. Com duas pistas de cada lado, canteiro central improvisado por barreiras de concreto - o famoso “gelo baiano” - e a icônica passarela da Ufes compunham as características da avenida.
O servidor público Hélio Roberto, de 37 anos, acompanhou as mudanças da via desde que cursou o ensino fundamental em uma escola municipal no campus da universidade. Mais tarde retornou à Ufes para a graduação e, agora, é funcionário da instituição.
Por transitar pela avenida no período antes e pós-reforma, ele acredita que as intervenções foram feitas no momento certo porque não esperaram que a Fernando Ferrari se tornasse um “gargalo insustentável”, sobretudo porque, atualmente, a demanda é ainda maior.
Além disso, Hélio avalia que os ciclistas e pedestres têm mais conforto e segurança após as obras. “Antes, quando era mais apertado, via menos bicicleta passando pela calçada, que não era tão larga, tendo que dividir com os pedestres. Hoje com a ciclovia ficou tudo melhor”, destaca.
A REFORMA
O projeto previa a construção de mais duas pistas – uma em cada sentido –, o viaduto de acesso à Ufes, uma nova Ponte da Passagem, passarela, novas calçadas, ciclovia, baias de ônibus e canteiro central, além da retirada das passarelas. Dividida em três etapas, a obra da Fernando Ferrari começou em 2003 e levou 10 anos para ser concluída. Foram investidos, segundo a Prefeitura de Vitória, R$ 102,8 milhões.
O arquiteto e urbanista Tarcísio Bahia, professor da Ufes e especialista em urbanismo e trânsito, observa que intervenções foram necessárias devido ao aumento da demanda da via.
“Hoje, se tem maior fluidez e segurança. Essas obras diminuem o risco. Quando há fluidez melhor, os semáforos vão controlando um pouco a velocidade. Se o motorista correr muito, o sinal fecha lá na frente. Então, isso é melhor para o pedestre e para o próprio motorista, porque diminui o risco de acidentes. No dia a dia melhorou muito para a cidade”, analisa.
NOVA CONEXÃO
Para ligar a Fernando Ferrari à Dante Michelini, avenida da orla de Camburi, outra via tem destaque nessa conexão. Trata-se da Adalberto Simão Nader, que corta os bairros Mata da Praia, República e Goiabeiras.
Embora hoje funcione mais como um eixo de ligação das duas outras avenidas, tem perspectivas de se tornar ainda mais relevante para a mobilidade de Vitória com o novo aeroporto e crescimento da região, na avaliação do urbanista Tarcísio Bahia. Desde a inauguração do novo terminal, em 2018, a Simão Nader se tornou a avenida de acesso para passageiros.
As intervenções por lá, inclusive, aconteceram justamente no contexto das obras do aeroporto. As pistas originais foram reformadas e passaram a operar somente no sentido praia de Camburi. Para o sentido contrário, em direção a Goiabeiras, as pistas foram implantadas em área da Infraero.
Totalmente liberada há três anos, com novo paisagismo e ciclovias em toda a extensão, a Avenida Adalberto Simão Nader passou a ter capacidade para comportar um fluxo 40% maior do que a antiga avenida.
POLO COMERCIAL
Uma das vias mais importantes de Vitória, por ser um grande polo comercial, cortar diversos bairros e ligar eixos importantes da cidade, a Avenida Leitão da Silva foi ampliada, reformada e recebeu ciclovias e calçadas espaçosas ao longo de toda a via.
O projeto inicial previa que as obras seriam concluídas num prazo de pouco mais de um ano, mas foram necessários quase seis para que a nova avenida fosse entregue à população, em dezembro de 2019.
Após a inauguração, o trecho voltou a ser um dos protagonistas na mobilidade urbana. Para o assistente administrativo Vitor Tabachi, 30, que utiliza a via com frequência, o fato de ter uma nova via, com três pistas em cada lado, deixou o trajeto muito mais curto.
“Antes precisávamos usar a Reta da Penha, que havia herdado todo o fluxo de veículos da Leitão da Silva. Depois da liberação da nova avenida, tudo ficou mais fácil. Tem fluidez e segurança para os motoristas”, pontua.
TRANSPORTE COLETIVO
Mais recentemente, foi a vez da Avenida Vitória passar por intervenções. Na via que atravessa mais de 10 bairros, as principais mudanças foram voltadas para uma nova rede de drenagem, troca do pavimento, implantação de ciclovia, e pista reforçada na faixa da direita, por onde circulam os ônibus.
Até a execução das obras, a Avenida Vitória passava por problemas na pista, já bastante desgastada com o aumento do fluxo de veículos. Reclamações de buracos e desníveis eram constantes, principalmente em períodos de chuva.
Outra demanda recorrente era pela implantação de ciclovia. Moradores da região que utilizam a bike como transporte precisavam pedalar na pista principal, próximos dos carros, ou seguir até a Avenida Beira-Mar, para ali ter mais segurança.
As obras foram executadas em menos de 11 meses e entregues em setembro do ano passado, em comemoração pelo aniversário da cidade. Na ocasião, a prefeitura informou que a reforma beneficiaria diretamente 25.390 moradores dos 11 bairros do entorno da avenida, além de cerca de 61.638 motoristas que por ela circulam diariamente.
O representante de vendas Dairlon Carvalho, de 33 anos, passa diariamente pela avenida e logo notou a diferença. “Depois da reforma,a via ficou mais regular, sem os buracos que apareciam com frequência em época de chuvas. Melhorou também para os ciclistas, que agora têm um espaço exclusivo”, opina. adjust
CONFIRA AS MUDANÇAS
mobilidade
Avenida Fernando Ferrari
Avenida Adalberto Simão Nader
Avenida Vitória
Avenida Leitão da Silva
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Economia do mar traz riquezas para a Capital
DESENVOLVIMENTO
Vitor Jubini/arquivo a gazeta
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DESENVOLVIMENTO
Vitor Jubini/arquivo a gazeta
Cercada pela água, Vitória tem naturalmente atividade econômica que se movimenta por operações portuárias e pela tradição da pesca
Em meio à correria da região central, navios atracam com diversas cargas e chamam atenção de quem passa na altura do Porto de Vitória. A importância da economia trazida pelo mar vai além das atividades portuárias, passando também pelos pescadores locais, como na Enseada do Suá e na região de São Pedro.
Apenas no primeiro semestre de 2021, foram movimentadas 3,657 milhões de toneladas de cargas no porto, número 30% superior ao mesmo período do ano passado. Um dos termômetros desse aumento é a importação de veículos, na ordem de 42% em relação a 2020.
O segmento de carros é bem característico na cidade, não sendo raro ver caminhões “cegonha” circulando pelas vias de Vitória.
Há, ainda, outras cargas que são muito ligadas ao dia a dia dos moradores, como trigo, eletrônicos, remédios, vinhos e fertilizantes (usados, por exemplo, na produção de soja).
O coordenador de Planejamento e Desenvolvimento da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Leonardo Bianchi, aponta que uma das cargas de maior valor agregado que chegam ao porto são os contêineres, cujo crescimento chega ao patamar de 25% ao ano. Dentro deles, o carro-chefe é o granito (em chapa ou em bloco).
Ele destaca, também, a importação de fertilizantes, na casa de um milhão de toneladas. Bianchi lembrou, ainda, que muito do que está sendo importado de coque de petróleo passa por lá. “Os portos dos terminais especializados não estão dando conta da quantidade de carvão de coque de petróleo, usado na siderurgia.
Dessa forma, muitos desses insumos estão vindo para cá.”
IMPORTÂNCIA
Bruno Fardin, diretor de Planejamento e Desenvolvimento da Codesa, atesta que o Porto de Vitória, ao longo dos seus 115 anos, tem contribuído de maneira significativa para o desenvolvimento capixaba.
“Desde a época do ‘Cais do Imperador’, hoje Cais Comercial, em frente ao Palácio Anchieta, até o moderno terminal de contêineres - o TVV, único do Estado -, o Porto de Vitória tem papel central no recebimento e escoamento de cargas consumidas e produzidas pelos capixabas. Trata-se de um ativo consolidado, em franco crescimento, que através das mais de 7 milhões toneladas movimentadas por ano, gera milhares de empregos e milhões em tributos para o Estado e seus municípios.”
NEGÓCIOS
O Porto de Vitória traz impactos para a cidade de forma muito determinante. Por exemplo, uma nova indústria que vai se instalar na Capital precisa passar seus insumos pelo local ou escoar sua produção por ele. Essa conexão, tanto com a parte industrial quanto no dia a dia das pessoas, pelos produtos desembarcados, é muito evidente.
“Um ponto importante são os inúmeros empregos gerados, não diretamente, mas por um quadro de empresas que giram em torno do porto, como terminais arrendados, agências marítimas, praticagem, operadores portuários, restaurantes e hotéis que atendem os trabalhadores. Há, ainda, o fornecimento de alimentos para os navios e a retirada de resíduos com empresas de meio ambiente. É uma gama de atividades. Todos os portos têm conquistado recorde de movimentação, como Santos e Paranaguá, mas nosso aumento no semestre é um dos maiores no país”, relaciona a coordenadora de Marketing e Negócios da Codesa, Raquel Guimarães.
Leandro Lino, vice-presidente do Conselho Regional de Economia no Espírito Santo (Corecon-ES) e professor no curso de Administração da Faesa Cariacica, observa que Vitória historicamente se apresenta como uma cidade portuária. “Sua própria conexão histórica com as demais regiões do Estado decorre da atividade portuária, que inicialmente ocorria mediante escoamento da produção cafeeira e que hoje é voltado para a exportação e a importação de produtos.”
TRADIÇÃO
Do mar também advém a subsistência de muitas famílias na Capital. A comunidade da Ilha das Caieiras, por exemplo, possui um estreito relacionamento com a pesca. A região é conhecida por abrigar as desfiadeiras de siri, um dos ingredientes principais da tradicional torta capixaba, e restaurantes de culinária típica.
Presidente da Associação de Mulheres Pescadoras de Comunidades Tradicionais e Fomento da Economia Solidária, Simone Leal tira seu sustento do mar há 30 anos, uma atividade que passa de geração em geração e que começou com sua tia, Felicidade Correa dos Santos, que dá nome a uma tradicional rua da região.
“Vim de Vila Velha ainda nova e, aos 11 anos, aprendi essa arte. É uma tradição bonita, e gosto muito de fazer. Além disso, esse trabalho tem uma grande responsabilidade, de forma a manter a tradição da Ilha das Caieiras. Nossa atuação ajuda a fomentar a economia de Vitória, pois os restaurantes acabam vendendo o que tratamos aqui. Não desfiamos apenas siri, mas, também, lidamos com camarão, sururu e ostra”, descreve Simone. adjust
Desde a época do ‘Cais do Imperador’, hoje Cais Comercial, em frente ao Palácio Anchieta, até o moderno terminal de contêineres - o TVV, único do Estado -, o Porto de Vitória tem papel central no recebimento e escoamento de cargas consumidas e produzidas pelos capixabas. Trata-se de um ativo consolidado, em franco crescimento, que através das mais de 7 milhões toneladas movimentadas por ano, gera milhares de empregos e milhões em tributos para o Estado e seus municípios.”
Bruno Fardin
Diretor de Planejamento e
Desenvolvimento da Codesa
A própria conexão histórica de Vitória com as demais regiões do Estado decorre da atividade portuária, que inicialmente ocorria mediante escoamento da produção cafeeira e que hoje é voltado para a exportação e a importação de produtos.”
Leandro Lino
Vice-presidente do Conselho Regional de Economia no Espírito Santo (Corecon-ES)
Vim de Vila Velha ainda nova e, aos 11 anos, aprendi essa arte. É uma tradição bonita, e gosto muito de fazer. Além disso, esse trabalho tem uma grande responsabilidade, de forma a manter a tradição da Ilha das Caieiras. Nossa atuação ajuda a fomentar a economia de Vitória, pois os restaurantes acabam vendendo o que tratamos aqui. Não desfiamos apenas siri, mas, também, lidamos com camarão, sururu e ostra”
Simone Leal
Presidente da Associação de Mulheres
Pescadoras de Comunidades Tradicionais
e Fomento da Economia Solidária
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Vanessa Ferreira/Zurich Airport
DESENVOLVIMENTO
Dinamismo do setor de serviços impulsiona a economia
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A Capital reúne ainda outras qualificações, como indicadores econômicos favoráveis, que garantem ao município potencial de crescimento
Qualificação dos trabalhadores, ambiente propício para investir e empreender, qualidade de vida para os moradores, infraestrutura e inovação fazem de Vitória uma cidade com grande potencial de desenvolvimento.
Com uma economia pujante, a Capital participa com cerca de 1/5 do total das riquezas geradas no Estado. Vitória se destaca com muitos indicadores positivos de ambiente de negócios quando comparada a outras capitais brasileiras.
Entre outros resultados, está na quinta posição como melhor localidade do país para se registrar uma propriedade; ocupa a nona posição no ranking de facilidade de abertura de empresas; possui a menor carga tributária municipal e também é apontada como cidade mais fácil para se pagar tributos e cumprir com obrigações acessórias.
Além dos indicadores, as atividades econômicas potencializam o crescimento. O economista Eduardo Araújo, membro do Conselho Federal de Economia, aponta que a indústria é um segmento que impulsiona a Capital, porém não mais que o de serviços. “Nos últimos anos o setor vem ganhando espaço e já ocupa mais da metade da renda gerada na cidade (54%).”
Para o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Celso Bissoli Sessa, a Capital é um grande centro de serviços.
“Vitória concentra muitos serviços, como de saúde, escritórios e apoio a empresas. A cidade tem grande concentração de renda, circulando muito mais recursos aqui do que nas demais cidades, tanto em relação aos moradores quanto acerca da administração pública. Grandes empresas acabam migrando para as ‘bordas’ da Capital, mas ficam perto do potencial mercado consumidor da cidade”, analisa Sessa.
Eduardo Araújo acrescenta a importância estratégica do turismo para a cidade. “Há grande quantidade de riquezas naturais que podem ser exploradas economicamente e de forma sustentável na Capital. É fundamental que o setor público continue avançando no investimento e na melhoria da infraestrutura turística. Vitória já conta com uma estrutura aeroportuária moderna e muitos atrativos, que podem resultar em oportunidade para atração de consumidores de alta renda para dinamizar ainda mais a atividade econômica”, argumenta o economista.
PIB
Segundo Eduardo Araújo, Vitória arrecada R$ 26 milhões por ano em remunerações, lucros e tributos. “É um montante significativo, levando-se em consideração que a população é relativamente pequena, fazendo com que o PIB per capita atinja um patamar de R$ 73 mil.”
O economista Leandro Lino, vice-presidente do Corecon-ES e professor no curso de Administração da Faesa Cariacica, lembra que um estudo sobre as regiões de influência das cidades brasileiras, realizado pelo IBGE em 2018, apontou Vitória como uma cidade metropolitana.
“A área de influência identificada para Vitória ultrapassa os limites do território capixaba, tendo em vista sua disponibilidade de bens e serviços para essa população. Entre os fatores que contribuem para Vitória estar nessa classificação, está a presença de suas atividades industriais, comerciais e de serviços, neste caso, especialmente para áreas como saúde e educação. Pela presença de estrutura institucional, grandes empresas e instituições de ensino superior, a Capital reúne as condições perfeitas para se firmar como um polo de inovação tecnológica.” adjust
DESENVOLVIMENTO
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Eduardo Araújo
Economista
Há grande quantidade de riquezas naturais que podem ser exploradas economicamente e de forma sustentável na Capital. É fundamental que o setor público continue avançando no investimento e na melhoria da infraestrutura turística. Vitória já conta com uma estrutura aeroportuária moderna e muitos atrativos, que podem resultar em oportunidade para atração de consumidores de alta renda para dinamizar ainda mais a atividade econômica.”
NÚMEROS
1/5
54%
R$ 73 mil
é a participação estimada da Capital na geração de riquezas para o ES;
é o índice que o setor de serviços representa na produção de renda na cidade;
é o PIB per capita na cidade
Celso Bissoli Sessa
Presidente do Corecon-ES
Vitória concentra muitos serviços, como de saúde, escritórios e apoio a empresas. A cidade tem grande concentração de renda, circulando muito mais recursos aqui do que nas demais cidades, tanto em relação aos moradores quanto acerca da administração pública. Grandes empresas acabam migrando para as ‘bordas’ da Capital, mas ficam perto do potencial mercado consumidor da cidade”
DESENVOLVIMENTO
Vitória tem posição de destaque em inovação
Estava numa depressão após sair do antigo trabalho. Já gostava de fazer comida. Foi quando minha filha pediu para fazer os doces do aniversário dela. Aí, começaram a surgir os pedidos e busquei cursos de aperfeiçoamento até em São Paulo.”
Ivan Garcia
Chef de cozinha
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O município está em segundo lugar no ranking nacional em indicador que avalia o desenvolvimento da economia criativa
Riqueza cultural, produção intelectual e inovação são características que levam Vitória a ocupar a segunda posição no Índice de Desenvolvimento do Potencial da Economia Criativa (IDPEC).
O superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo, elenca alguns fatores que fazem a Capital ter destaque nesse setor. “Vitória tem limitações territoriais, mas tem uma economia moderna, parte cultural forte, como o artesanato, e grande capacidade de atrair investimentos. Tem, ainda, grande capacidade de conectar pessoas e políticas públicas de desburocratização que favorecem esse ambiente criativo”, pontua Rigo.
Ele destaca três importantes vetores para o desenvolvimento futuro da Capital: “Primeiro, a economia criativa. Depois, a inovação, que é uma essência para todos os negócios, com uso da tecnologia. Vitória tem tudo para se desenvolver a partir desse eixo, favorecendo o crescimento do PIB e gerando riqueza intelectual e produtividade. Tem, ainda, o resgate da questão turística e cultural, com fortalecimento do comércio local.”
DADOS
Em Vitória, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) constatou, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), 87.547 trabalhadores do setor criativo em 2020, ante 99.586 em 2019. A redução no período é um reflexo da pandemia, mas o segmento ainda tem força que se revela em uma diferença expressiva num comparativo com 2016, quando havia 58.485 profissionais na área.
No ano passado, as atividades que mais se destacaram foram: gastronomia, design, tecnologia da informação e comunicação, artesanato e publicidade.
O maior rendimento médio foi registrado no segmento “Editorial”, com R$ 6.197,35. Em seguida, vêm “Pesquisa e Desenvolvimento”, com R$ 5.654,08, e “Música e Audiovisual”, com R$ 5.594,41.
SUCESSO
O chef de cozinha Ivan Garcia é um caso de sucesso. Há cinco anos criou o negócio Marido Prendado, cujos carros-chefe são bolos, doces e chocolate. “Estava numa depressão após sair do antigo trabalho. Já gostava de fazer comida. Foi quando minha filha pediu para fazer os doces do aniversário dela. Aí, começaram a surgir os pedidos e busquei cursos de aperfeiçoamento até em São Paulo”, contou.
FINANCIAMENTO
Empresas da Capital que atuam no segmento de economia criativa contam, ainda, com linhas de financiamento no Bandes.
“Como estratégia de atuação para o desenvolvimento de negócios que impactem a economia capixaba, gerando mais competitividade, buscamos apoiar empresas que tenham a inovação, a criatividade em seu modelo de negócios. O conceito de inovação envolve a exploração bem-sucedida de novas ideias que aproveitam oportunidades e criam tendências”, disse o diretor-presidente, Munir Abud de Oliveira.
O Bandes apoia o setor criativo em duas frentes de atuação. No crédito para a inovação, por meio de financiamentos com recursos próprios pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e por meio dos Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), para startups, com a promoção de processos seletivos que identificam empresas de alto potencial de inovação e promovem o aporte financeiro e o auxílio na gestão em troca de participação no capital social da empresa.
O Bandes financia projetos de desenvolvimento e implantação de inovação de produtos e serviços de empresas, bem como a sua introdução no mercado e a aquisição deles por terceiros. adjust
DESENVOLVIMENTO
Vitória tem limitações territoriais, mas tem uma economia moderna, parte cultural forte, como o artesanato, e grande capacidade de atrair investimentos. Tem, ainda, grande capacidade de conectar pessoas e políticas públicas de desburocratização que favorecem esse ambiente criativo.”
Pedro Rigo
Superintendente do Sebrae-ES
Como estratégia de atuação para o desenvolvimento de negócios que impactem a economia capixaba, gerando mais competitividade, buscamos apoiar empresas que tenham a inovação, a criatividade em seu modelo de negócios. O conceito de inovação envolve a exploração bem-sucedida de novas ideias que aproveitam oportunidades e criam tendências.”
Munir Abud de Oliveira
Diretor-presidente do Bandes
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Das paneleiras
à observação de
baleias, mais
de 50 atrações
pela cidade
RICARDO MEDEIROS/arquivo a gazeta
DESENVOLVIMENTO
ATRAÇÕES TURÍSTICAS
Fonte: PMV
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Com variadas opções para os visitantes, o turismo propicia momentos de lazer e cultura, além de favorecer a economia local
“Cidade Sol, com o céu sempre azul. Tu és um sonho de luz norte a sul....”. A música de Pedro Caetano exalta a beleza de Vitória, que tanto encanta moradores e turistas. Também chamada “Ilha do Mel”, a Capital oferece mais de 50 atrações turísticas, muitas delas gratuitas.
Há desde a produção de panelas de barro, tradição de cerca de 400 anos, até a observação de baleias em passeios de barco, especialmente as da espécie jubarte. Elas podem ser vistas entre 20 a 40 quilômetros de distância do litoral.
Particularmente focado em eventos e viagens corporativas, o turismo cresce voltado para o lazer. Essa alta tem a ver, principalmente, com o trabalho remoto e a proibição de eventos durante a pandemia.
“Muitos capixabas estão viajando pelo Estado. O setor está reaquecendo, mas o turismo de lazer deve continua em alta”, avalia Gustavo Guimarães, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Estado.
Para Guimarães, Vitória é um destino fácil de promover. “A cidade é linda, dá acesso a pontos turísticos do Estado e tem ótima estrutura de aeroporto, hospedagem, comércio e serviços”, completa.
PERTO DO MAR
Outro movimento percebido no setor é o aumento do turismo náutico. Basta um olhar atento para as praias e é possível ver canoa, vela, kitesurf, caiaque, remo e natação. Em alto mar, há pesca oceânica.
“Precisamos fazer as pazes com o mar, aceitar nossa vocação para o lazer e esporte náutico. Precisamos ‘viver’ a ilha, organizar a orla e promover atividades de lazer, esportes e atrair competições”, ressalta a diretora-presidente da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória, Camila Dalla Brandão.
A secretária estadual de Turismo, Lenise Loureiro, destaca o crescimento do turismo náutico e a tendência do turismo de experiência, como a observação de baleias. As atrações tradicionais, no entanto, continuarão fortes.
“Vitória está no topo do ranking de qualidade de vida e tem várias opções para o visitante. Precisamos fortalecer o turismo de forma coletiva; com o morador sendo ‘guia de turismo’, acolhendo o visitante e divulgando a cidade”, pontua Lenise.
TURISMO DE AVENTURA
Esse é um pouco do espírito de Carlos Augusto Guimarães da Silva, que decidiu criar roteiros de aventura na Capital e é guia de sua própria agência, a Alma Nativa.
Um dos passeios que promove é a travessia do maciço central de Vitória, uma trilha que começa na Pedra dos Dois Olhos, na região de Fradinhos, passa pelo alto da Fonte Grande e segue até Santa Clara, no Centro.
Com ele, o turista - ou mesmo o morador que quer conhecer melhor a cidade em que vive - pode ainda fazer passeios de caiaque na Baía das Tartarugas, rapel na Ilha do Boi e pernoite na Pedra dos Dois Olhos em período de lua cheia. “Acredito que é outro jeito de apreciar Vitória”, valoriza Carlos Augusto.
A Capital, portanto, tem opções para quer curtir apenas uma praia e conhecer a culinária típica até os que querem se aventurar em uma escalada ou mar adentro para ver baleias. Também tem passeios pelo centro histórico, em ônibus panorâmico e diversas outras atrações que podem ser consultadas em canais oficiais, como o https://www.vitoria.es.gov.br/turista, da Prefeitura de Vitória, https://descubraoespiritosanto.es.gov.br/, do governo do Estado. adjust
DESENVOLVIMENTO
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POR DENTRO DE VITÓRIA
Monumentos contam a história de 470 anos
de Vitória
felipe mota/fly now
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Andar pela cidade, especialmente no Centro, é uma forma de descobrir um pouco mais sobre a construção da Capital
Do colégio jesuíta nasceu o Palácio Anchieta. Nas terras do fundador Duarte Lemos foi construída a Capela de Santa Luzia. A escadaria Maria Ortiz tem o nome da jovem que resistiu aos holandeses, jogando pedras, água fervente e outros objetos nos invasores. Andar pela Cidade Alta, em Vitória, é viajar na história dos 470 anos da Capital.
O historiador Fernando Achiamé conta que Vitória surgiu para que a Capitania do Espírito Santo tivesse uma sede mais segura, com boas fontes de água e terrenos para cultivar alimentos e, particularmente, a cana, para a exportação de açúcar.
As principais edificações ficavam na Cidade Alta. Na parte baixa estavam trapiches, armazéns e casas comerciais.
“Vitória começou como uma pequena ‘Vila do Açúcar’, uma espécie de Vila Rica, com ladeiras e casario colonial, só que à beira-mar”, explica Achiamé.
A Capital manteve seu traçado colonial até o início do século XX, quando mudanças urbanas, aterros e obras viárias expandiram a então “Cidade do Café” para as antigas enseadas e mangues.
Até hoje boa parte do patrimônio histórico e cultural da cidade está no Centro. Merecem destaque: Theatro Carlos Gomes; Palácio Anchieta; Catedral Metropolitana; Capela de Santa Luzia; Convento São Francisco; e as igrejas Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Rosário e São Gonçalo.
Saindo um pouco da região central, há ainda o Santuário-Basílica de Santo Antônio, uma imitação da arquitetura renascentista italiana, com cúpula central, vitrais decorados e vista da cidade.
PERSONAGENS
A história de Vitória tem personagens importantes. “Alguns mais antigos; outros mais modernos; alguns esquecidos e outros bem lembrados”, ressalta o historiador Estilaque Ferreira.
Entre os antigos e esquecidos, cita o historiador, estão o fundador de Vitória, Duarte de Lemos, e os padres Afonso Brás e Brás Lourenço, criadores do Colégio dos Jesuítas, atual Palácio Anchieta.
Entre os mais modernos e lembrados, Ferreira menciona seis governadores: Muniz Freire foi responsável pela afirmação da centralidade de Vitória e de sua expansão.
Jerônimo Monteiro iniciou melhorias urbanas em Vitória, tais como água encanada, esgoto, o Parque Moscoso, energia elétrica e os bondes.
Florentino Avidos construiu a Cinco Pontes, ligando Vitória a Vila Velha; e Jones dos Santos Neves aterrou a “Esplanada Capixaba”.
Carlos Lindenberg viabilizou a construção do Porto de Tubarão e Élcio Álvares iniciou a construção da Terceira Ponte. adjust
Tour virtual Santuário-Basílica de Santo Antônio
Tour virtual Santíssimo
POR DENTRO DE VITÓRIA
Tour virtual: Edson Chagas
Voz: Michel Pessoa, coordenador voluntário do Santuário-Basílica
Vitória se chamava Santo Antônio e “capixaba” se referia a uma roça de milho em seu esplendor.
O viaduto Caramuru foi construído para a passagem do bonde que circulava na Cidade Alta, mas quando ficou pronto (1927), o trajeto foi desativado!
As enseadas foram aterradas e deram lugar a Caratoíra, Parque Moscoso, Praça Costa Pereira, Esplanada da Capixaba, Avenida Beira-Mar, Enseada do Suá e Praia do Canto.
Vitória começou como uma pequena ‘Vila do Açúcar’, uma espécie de Vila Rica, com ladeiras e casario colonial, só que à beira-mar”
Fernando Achiamé
Historiador
Tour virtual: Edson Chagas
Voz: Roberto Camillato, pároco
e reitor do Santuário-Basílica
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POR DENTRO DE VITÓRIA
Pontos históricos
Convento de São Francisco
O Convento São Francisco teve sua construção iniciada no final do século XVI. A fachada da Igreja Conventual, que sofreu reformas em 1744 e 1784, é a única parte original que restou do conjunto que formou o primeiro Convento Franciscano na parte Sul do Brasil Colônia. Foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1984, juntamente com a Capela Nossa Senhora das Neves, erguida na primeira metade do século XIX, no terreno do antigo convento
Rua Soldado Abílio dos Santos, 47 - Cidade Alta
Rodrigo Gavini
Igreja de São Gonçalo
Em 1707, já existia no local uma capela construída pelas irmandades de Nossa Senhora do Amparo e da Boa Morte. Em 1715, as irmandades solicitaram ao Bispado a permissão para a construção de uma nova igreja, consagrada ao santo português São Gonçalo Garcia, somente concluída em 6 de novembro de 1766. No século XX, a igreja viveu seu período áureo, pois, por quase 20 anos, serviu como sede paroquial e exerceu as funções de Matriz e Catedral da cidade de Vitória. Sua fachada e altar-mor, com entalhes em madeira pintados a ouro, possuem características da arquitetura barroca. Em 1948, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan.
Rua São Gonçalo - Centro
Carlos Alberto Silva / Arquivo A Gazeta
Igreja de Nossa
Senhora do Rosário
Com sua construção iniciada em 1765, teve sua estrutura principal erguida em apenas dois anos pelos membros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Uma pequena exposição localizada na igreja resgata um pouco dessa história. São imagens e peças preservadas pela irmandade, que realiza a famosa procissão de São Benedito até hoje. Tombada em 1945, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, a igreja possui ossários em seus corredores e um cemitério lateral, mantendo preservado seu aspecto colonial barroco.
Rua do Rosário, Cidade Alta - Centro
Carlos Antolini / PMV
Parque Moscoso
Inaugurado em 1912 o Parque Moscoso foi símbolo da primeira era de modernização e embelezamento urbano da cidade. Espaço de socialização, conta com lagos artificiais, dentre outras estruturas, tais como o chafariz e as “ruínas” neoclássicas. Em 1952, o parque sofreu algumas alterações em seu traçado, quando foram construídas a Escola de jardim de infância Ernestina Pessoa e a Concha Acústica, exemplares representativos do estilo modernista de arquitetura, tombados em nível estadual. Em 2000 o parque foi remodelado, resgatando algumas ambiências originais.
Avenida República, Centro
Ricardo Medeiros / Arquivo A Gazeta
Palácio Anchieta
Até 1759, o Palácio Anchieta abrigava o Colégio de São Tiago, conjunto que começou a ser erguido em 1570, a partir da construção de uma nova sede para a Igreja de mesmo nome, que havia incendiado. A primeira ala do colégio foi concluída em 1587, pelo Padre José de Anchieta, que morreu dez anos mais tarde sendo enterrado junto ao altar-mor da Igreja de São Tiago. A segunda ala do colégio só foi construída 120 anos depois, de frente para a Baía de Vitória, e é parte do quadrilátero que acabou de ser erguido em 1747 e existe até hoje. Em 1798, recuperado de um incêndio ocorrido dois anos antes, o prédio é denominado Palácio do Governo. No ano de 1945, no aniversário da morte do padre José de Anchieta, o então governador, Jones dos Santos Neves, publica decreto nomeando a sede do Governo Estadual como Palácio Anchieta – que guarda o túmulo simbólico do padre desde 1922. Enfrentando três grandes incêndios e várias reconstruções ao longo de sua história, em 1983 o edifício é Tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.
Praça João Clímaco, 142, Centro
Rodrigo Gavini
Theatro Carlos Gomes
Em 1923, o único teatro da cidade, o Melpômene, depois de sofrer um princípio de incêndio, foi demolido para abertura da Rua Sete de Setembro e alargamento da Praça da Independência, atual Praça Costa Pereira. Por utilizar a área do antigo teatro para esses fins, a administração estadual assumiu o compromisso com o Município de erguer um novo espaço. Projeto do arquiteto autodidata André Carloni, o Theatro Carlos Gomes adotou o estilo eclético, referência da modernidade da época. A construção utilizou recursos privados e aproveitou as colunas de ferro fundido do antigo Melpômene para sustentação dos balcões e galerias. A obra foi inaugurada em janeiro de 1927. Em 1983, foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.
Praça Costa Pereira - Centro
Marcos Salles-PMV
Convento do Carmo
O Convento de Nossa Senhora do Monte do Carmo foi fundado em 1682, por padres carmelitas vindos da parte Norte do Brasil Colônia. O conjunto era formado pelo Convento, pela Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo e pela Capela da Ordem Terceira, todos em estilo colonial e com linhas barrocas. Entre 1910 e 1913, o Convento passou por ampla reforma, recebeu mais um andar e roupagem eclética, com influências do estilo gótico. Em 1984, a fachada do conjunto foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura.
Ruas Coronel Monjardim e
Coutinho Mascarenhas, Centro
Carlos Alberto Silva / Arquivo A Gazeta
Catedral Metropolitana
de Vitória
A antiga Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória teve sua edificação iniciada por volta de 1550. Em 1918, o velho templo foi demolido para dar lugar à atual Catedral Metropolitana de Vitória, que possui características ecléticas, com referências ao estilo gótico, tendo como destaque seus belos vitrais. Foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura em 1983.
Praça Dom Luiz Scortegagna - Centro
Rodrigo Gavini
Escadaria Maria Ortiz
No século XVII, a Ladeira do Pelourinho foi cenário de importante fato da história do Espírito Santo. O corsário holandês Piet Heyn ultrapassou a barreira do Forte São João para entrar na Vila. No entanto, para surpresa do almirante e de seus homens, Maria Ortiz, moradora de um sobrado no final da antiga ladeira, articulou a resistência junto aos demais moradores. Assim, os invasores tiveram que recuar até suas naus, desistindo do saque. Em 1899, a ladeira recebeu o nome de Maria Ortiz, em homenagem à jovem. A atual escadaria foi construída em 1924.
Rodrigo Gavini
Capela de Santa Luzia
É a edificação mais antiga do município. Provavelmente construída a partir de 1537, em pedra e cal de ostra, coberta com telhas de barro tipo canal, ela era a capela particular da fazenda de Duarte Lemos. Sua arquitetura colonial foi sendo ornamentada, ganhando o frontão e o altar barrocos. Em 1946 o Iphan fez o tombamento da Capela transformando-a em patrimônio histórico-cultural brasileiro.
Rua José Marcelino, s/nº - Centro
Ricardo Medeiros / Arquivo A Gazeta.
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POR DENTRO DE VITÓRIA
O Centro
pulsa e busca
se reinventar
Rodrigo Gavini
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Região é um recorte da história e cultura de Vitória, e guarda muito da boemia. Projetos de revitalização prometem movimentar mais a área
Catedral Metropolitana, Palácio Anchieta, Parque Moscoso, Escadaria Maria Ortiz. A riqueza histórica e cultural passa necessariamente pelo Centro de Vitória, mas vai além de pontos turísticos que, durante muitos anos, concentraram economia, política e a vida social do Estado. Projetos, agora, se propõem a revitalizar a região.
“O Centro flui, o Centro pulsa e precisa de políticas públicas para transformar a Jerônimo Monteiro e trazer as maravilhas que sempre estiveram aqui: cinemas, teatros, museus, cafés, restaurantes, atrações turísticas, culturais e valorização do patrimônio histórico arquitetônico”, defende um dos proprietários do Oca Bistrô e Ateliê, Fabrício Costa Silva.
O local reúne arte, comida e música; movimentando o Centro há três anos.
Estrada um pouco mais longa possui a Eletrônica Gorza, instalada há 41 anos na região, num negócio que vem passando por gerações. “Sou apaixonado pelo Centro, que continua sendo excelente para compras, pois tem acesso às principais vias da cidade, ciclovia e muita gastronomia, história e cultura, mantendo a tradição da boemia. E com a revitalização do Mercado Capixaba se potencializará ainda mais”, estima o proprietário Giovanni Gorza.
Já a psicóloga Jamille Coimbra está feliz com a mudança de Jardim Camburi para o Centro, há menos de um ano. “Acho o Centro bonito, tenho amigos aqui e resolvi apostar. Hoje penso porque demorei tanto! Gosto de como as pessoas ocupam o bairro. Os comerciantes e moradores são antigos, me sinto mais segura e à vontade. Meu apartamento tem um quarto, pago um aluguel menor e é espaçoso. Há bares, restaurantes e, quando fecha a rua, dá para caminhar e pedalar até Camburi”, conta.
AÇÕES
Mas, enquanto moradores e comerciantes valorizam o Centro, há uma demanda permanente para que o poder público promova a revitalização da região.
Uma das iniciativas da administração municipal é reformar e reabrir Mercado da Capixaba, enquanto o governo do Estado já deslocou sete órgãos que estavam instalados em outro lugar e, agora, funcionam no Centro.
O prédio que foi sede do clube Saldanha da Gama também está passando por intervenções para ser um espaço para eventos e restaurante.
No antigo Hotel Majestik, vai atuar uma entidade que realiza trabalho social, e o uso de grafites é estimulado para deixar Vitória ainda mais bonita.
“A revitalização do Centro é prioridade. Queremos uma publicidade mais harmônica, fachadas preservadas, mais ‘ruas vivas’ para os pedestres, com a ocupação de prédios para moradia e a fiação aérea organizada”, destaca a secretária estadual de Turismo, Lenise Loureiro.
O presidente da AmaCentro, Lino Feletti, sonha com dias melhores. “Gostaria de um Centro mais bem cuidado, com as pessoas ocupando as ruas para contemplar a arquitetura, aproveitar as opções culturais, com grupos de samba e um visual onde fios e cabos estejam organizados”, finaliza. adjust
POR DENTRO DE VITÓRIA
O Centro tem tudo a ver com o nosso negócio, pois tem memória histórica, patrimônio e cultura; e queremos participar da mudança para torná-lo um lugar mais cultural, mais turístico, mais organizado. O Centro flui, o Centro pulsa e precisa de políticas públicas para transformar a Jerônimo Monteiro e trazer as coisas maravilhosas que sempre estiveram aqui: cinemas, teatros, museus, cafés, restaurantes, atrações turísticas, culturais e valorização do patrimônio histórico e arquitetônico”
Fabrício Costa Silva
com o marido Caio Cruz
Sócios do Oca Bistrô e Ateliê
Gabriela Martins/TV Gazeta
Sou apaixonado pelo Centro. Ele é lindo, encantador! Hoje temos a internet, o comércio nos bairros, os shoppings, mas o Centro continua sendo um excelente lugar para compras, pois tem acesso às principais vias da cidade, ciclovia, além de um grande potencial gastronômico, histórico e cultural, mantendo a tradição da boemia. E com a revitalização do Mercado Capixaba, tende a se potencializar ainda mais. Tenho uma unidade na Praia do Canto, mas não abro mão desta loja, que já tem 41 anos”
Giovanni Gorza
Proprietário da Eletrônica Gorza
Rodrigo Gavini
Achava o Centro muito bonito, já tinha amigos aqui e resolvi apostar. Hoje fico pensando por que demorei tanto. Gosto da forma como as pessoas ocupam o bairro e as praças; os comerciantes e moradores são antigos. Sinto-me mais segura vivendo aqui, me sinto à vontade, em casa. Meu apartamento tem um quarto, pago menos e é super espaçoso para mim. Tem muitas opções de bares, restaurantes e fecha a rua no fim de semana; então dá para caminhar e pedalar até Camburi”
Jamille Coimbra
Psicóloga, moradora do Centro
Rodrigo Gavini
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POR DENTRO DE VITÓRIA
Arte e cultura
se destacam
na Capital
Rodrigo Gavini
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Vitória representa um mosaico artístico, que reúne os mais diversos talentos na literatura, música, artes visuais e de rua
Kika, Bernadette, André, Fredone. Esses são alguns dos artistas que marcam a cultura de Vitória em sua história mais recente. São de gerações diferentes. Alguns não nasceram na ilha, mas são vitorienses de coração. Nesse mosaico artístico da Capital, somam-se as mais diversas manifestações culturais e artísticas.
Mas não tem sido um período fácil. Desde o ano passado, a pandemia da Covid-19 afetou significativamente o setor. Em meio ao cenário desafiador, o secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno, fala da importância do segmento.
“Investimentos na cultura geram circulação também muito forte para economia. Com a pandemia, a cultura foi um dos primeiros setores a parar e o último a voltar. Não podemos deixar os artistas desamparados.”
Ele destaca que a prefeitura elabora, por meio da Lei Aldir Blanc, investimentos na ordem de R$ 600 mil na manutenção dos espaços culturais e chamamentos em seis editais, no valor aproximado de R$ 978 mil. Os editais vão contemplar segmentos do samba (Carnaval), audiovisual, música, artes cênicas, artes visuais (grafite) e a proposta da criação de um novo monumento artístico, por meio do trabalho de artistas plásticos. adjust
felipe mota/fly now
Cidade de afeto
Não sou nascida aqui [natural
de Conceição de Barra], mas
cidadã vitoriense com muito orgulho.
Vitória tem seus problemas, mas
suas maravilhas escondidas, nas
curvas de uma rua, numa luz que
se acende no alto do morro.
Vitória, para mim, é afeto”
Bernadette Lyra
Escritora de ficção e professora de cinema
ble.balance/Divulgação
Fio condutor
A cidade é fio condutor muito
importante para pensar a minha
produção. Foi – e está sendo – muito
especial contribuir com o meu ofício
para um espaço tão especial de
Vitória (escadaria da Piedade).
Não só como artista, mas também
com moradora do Centro.”
Kika Carvalho
Artista visual
Nicolas Soares/Divulgação
Arte é fundamental
Nasci, cresci e adoro morar aqui. A
arte tem sido fundamental durante
a pandemia. Temos artistas e toda
uma cadeia produtiva incrível que
no momento estão no aperto, mas
que estão preparados para
movimentar a cidade, assim
que for prudente abraçá-la.”
André Prando
músico e compositor
Renato Ren/Divulgação
Juventudes periféricas
O skate me trouxe até Vitória
algumas vezes. Logo depois o grafite.
Trabalhei em projetos nas periferias
compartilhando o que aprendi com
cultura hip-hop. Sonho que um dia
comecem a olhar com mais atenção
e valorização financeira para
manifestações culturais das
juventudes periféricas.”
Fredone Fone
Artista
Thais Carletti/Divulgação
Fomento à cultura
Comecei a me envolver na cena
cultural organizando mostras,
animações. Meu trabalho envolve
a investigação de outras formas de
arte, voltadas a tecnologia, cinema
experimental. Fomentos à cultura
ajudam a pluralizar as produções.”
Gabriel Menotti
Professor-curador
Mary Jane/Divulgação
Município acolhedor
Sou nascida em Vila Velha, mas moro
em Vitória há quatro anos. Minha
atuação sempre foi no movimento
hip-hop. Depois fui convidada para
participar do grupo onde atuo,
Melanina MC’s. Para nós, Vitória é
muito importante. Ela vem acolhendo
diversos artistas, de todos os nichos,
classes, cores.”
Afari
Rapper, atriz e produtora executiva
POR DENTRO DE VITÓRIA
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Lugar de todas
as cores e crenças
POR DENTRO DE VITÓRIA
Anna Shvets/Pexels
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O perfil da Capital demonstra a diversidade de fé e raça na composição de sua população; lideranças religiosas defendem mensagem de união e respeito às diferenças
Pequena na extensão territorial, Vitória pode ser considerada grande quando se trata de diversidade de cores e crenças. Com população estimada em 369.534 habitantes em levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no recorte por religião do último censo, em 2010, revela que a Capital reúne católicos, evangélicos, espíritas, adeptos das religiões de matriz africana - umbanda e candomblé - e seguidores do judaísmo.
Ainda trazendo um raio-X da cidade, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2019 indica que, no critério de declaração de cor ou raça, em relação ao total da população, 51,2% eram brancos em Vitória, 11,6% pretos e 35,8% pardos. A maior parte da população tem acima de 30 anos e salário médio mensal dos trabalhadores formais era de 3,9 salários mínimos.
Tal diversidade de cores e crenças também encontra-se materializada ao longo de cada canto da Capital, com a presença de monumentos históricos que homenageiam imigrantes de origem europeia, afrodescendentes e a população indígena ou aspectos religiosos, tais como o Monumento ao Índio Arariboia, à Iemanjá e a Cruz Reverente. adjust
POR DENTRO DE VITÓRIA
Carlos Antolini/PMV
Índio Arariboia
Estátua de bronze, de autoria de Carlo Crepaz. Traz figura de um índio guerreiro em tamanho natural assentada sobre uma pedra, apontando seu arco e flecha para a baía de Vitória. Nas dependências do Clube de Regatas Saldanha da Gama
Yuri Barichivich/PMV
Iemanjá
Estátua de concreto armado, o monumento foi concebido por Iannis Zavoudakis. Representa a Rainha do Mar e homenageia as tradições afro-brasileiras. No píer da Praia de Camburi
Yuri Barichivich/pmv
Monumento à Comunidade Negra
Representando uma casaca, o monumento, de autoria de Irineu Ribeiro, é um reconhecimento a contribuição dos afrodescendentes. Na Avenida Américo Buaiz, em frente à Assembleia Legislativa
Flavio Almeida/pmv
Monumento ao Imigrante
Obra arquitetônica de autoria de Sheila Basílio. Erguida na Praça José Neffa. Representa a importância da cultura italiana. Na Avenida Américo Buaiz, na Enseada do Suá
Leonardo Silveira/pmv
Cruz Reverente
Monumento comemorativo à visita do pontífice João Paulo II ao Estado, em 1991. Na Enseada do Suá, Praça do Papa
Religiosidade
As marcas da religiosidade de Vitória atravessam o tempo, para além das instituições. Vão desde monumentos históricos, como a Igreja do Rosário, às mais diversas expressões de fé como as romarias católicas e a Festa de Iemanjá.”
Padre Kelder Brandão
Vigário para Ação Social,
Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória
Diálogo
Vitória tem se mostrado uma cidade aberta ao diálogo inter-religioso. Não é razoável qualquer tipo de depreciação da crença. É preciso entender que as instituições religiosas promovem ações fundamentais desenvolvidas no contexto social onde o Estado não chega.
Romerito Oliveira
da Encarnação
Presidente da Associação dos Pastores de Vitória (APEV)
Transformação
Neste momento de transformação da humanidade, a religiosidade tem sido um caminho para despertamento do indivíduo para a Vitória. Entender-se como Ser Multidimensional, como nos ensinam os Espíritos da Codificação, é primordial para o autoencontro.
Fabiano Santos
Presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo
Resistência
Acredito que uma das marcas da religiosidade de Vitória seja a resistência em manter nossa cultura e fé vivas, pois estamos em uma momento de grande intolerância religiosa e fake news. Temos muito orgulho da nossa religião, que cresce a cada amanhecer.
Mãe Matilde de Oya
Yalorixá da Casa Caboclo
Flecheiro Pena Branca
Coexistência
Para a pequena comunidade judaica que aqui vive, é uma vitória pensarmos em tudo o que já conquistamos. Queremos contribuir para uma Vitória onde possam coexistir vários outros símbolos religiosos e que possamos todos conviver com muita união e muito shalom.
Douglas Miranda
Diretor da Congregação
Israelita Capixaba (Cicapi)
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POR DENTRO DE VITÓRIA
CBN Vitória completa 25 anos e faz parte da história da cidade
A rádio que compõe os veículos da Rede Gazeta tem uma trajetória de sucesso, sempre pautada em levar as notícias mais relevantes ao ouvinte
Vitor Jubini/Arquivo A Gazeta
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POR DENTRO DE VITÓRIA
Você consegue se lembrar dos principais fatos que marcavam época na Capital ou no mundo em 1996? Caso não se lembre, ou nem mesmo era nascido, saiba que há 25 anos o universo do jornalismo ganhava um novo capítulo com DNA capixaba. Em 30 de abril daquele ano entrava no ar a CBN Vitória, na frequência 1250 Khz AM, ajudando a contar um pouco da história da cidade e do Estado e sempre apresentando as informações mais relevantes não só daqui, mas de todo lugar.
“Quando a CBN chegou ao Estado, as pessoas não tinham o hábito de ouvir rádio de notícias. Nosso primeiro desafio foi fazer com que a população ouvisse notícia, mostrar a nossa relevância para ter o envolvimento da comunidade”, lembra a jornalista Fernanda Queiroz, âncora do CBN Vitória e editora executiva da rádio.
Ao longo dos anos a emissora perseguiu inovação. Tornou-se a CBN da frequência 92,5 FM, pioneira em conteúdo na internet, presente nas redes sociais, em aplicativo e assistentes virtuais.
Em um case de sucesso, foi a primeira emissora de rádio a transmitir notícias em TV, por meio da presença de câmeras no seu estúdio.
Fernanda aponta que o programa vespertino CBN Cotidiano tornou-se outro exemplo exitoso na programação e inspiração até mesmo para outras afiliadas. “A proposta era dar voz ao ouvinte o colocando como destaque para falar do assunto do dia.”
OUVINTES
Atualmente, com uma mensagem via aplicativo de mensagens e por meio da rede social, ouvintes podem compartilhar suas histórias com a rádio, participar da programação e sugerir assuntos. Um pulo ao passado e Fernanda recorda-se como era o contato com o público no início da rádio.
“A comunicação se dava principalmente por meio do telefone fixo. Muitos dos nossos ouvintes também iam à redação (da Rede Gazeta), mandavam cartas. Desde sempre o ouvinte é nossa engrenagem. A CBN não é produzida apenas por jornalistas”, ressalta.
COBERTURAS
Ao longo dos anos, a rádio também acompanhou a evolução do Estado e de Vitória, e sempre esteve atenta ao dia a dia do cidadão. Fernanda Queiroz lembra, por exemplo, que a CBN foi pioneira na transmissão de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), como a do Narcotráfico, instalada no Espírito Santo.
“No passado, houve momento em que o Estado estava tomado mesmo, com instituições comprometidas, crime organizado, corrupção entre os Poderes. Nós éramos o meio das pessoas se aproximarem desse conteúdo”, valoriza.
Mais recentemente, em meio à pandemia de Covid-19, a CBN Vitória mais uma vez se reinventou para permanecer conectada aos ouvintes, oferecendo jornalismo de qualidade.
“Os estúdios foram para dentro de nossas casas. Com bons equipamentos e um microfone, aprendemos que era possível fazer os programas dessa forma”. O futuro, pontua Fernanda, é construído no agora. “A CBN se pauta muito por isso: buscar caminhos novos, novas oportunidades. É uma rádio de vanguarda”, define. adjust
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POR DENTRO DE VITÓRIA
Cenário que convida à prática esportiva
Rodrigo Gavini
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POR DENTRO DE VITÓRIA
No mar, na areia ou no calçadão, Vitória tem espaços para quem quer fazer da atividade física um hábito; academias populares também estão espalhadas pelos bairros
Logo cedo, pouco depois do nascer do sol, a consultora de negócios Flavia Sarte sai de Jardim Camburi, onde mora, em direção à orla de Camburi, na altura da Mata da Praia. O trajeto é todo feito de bicicleta pelo calçadão de Camburi e o destino é o local onde seu grupo pratica tênis de praia.
“Alio qualidade de vida e saúde com o que nos é oferecido pela cidade, de graça. O município tem seus problemas, mas a orla e as praias são muito bem cuidadas. Vitória é sinônimo de realização e satisfação”, pontua Flavia, ao explicar que um de seus sonhos sempre foi morar próximo à praia e, quando mudou para Vitória, se identificou prontamente com o município.
Se uns aproveitam os calçadões e ciclovias que Vitória oferece para pedalar, outros já se aventuram nas ruas e avenidas. É o caso do juiz do trabalho Cássio Moro.
“Pratico ciclismo de estrada e Vitória me ajuda muito - o clima é ótimo, o relevo é propício, e aqui é um lugar seguro”. Ele é natural de Curitiba, no Paraná, e afirma que foi praticando o esporte que pôde descobrir mais a cidade.
EXPERIÊNCIA ÍMPAR
Foi em novembro de 2020, quando estava na praia ao fim do dia observado outras pessoas praticarem canoa havaiana, que o advogado Vitor Piazzarollo decidiu começar a remar.
“Morar em Vitória para quem gosta de atividade física é uma experiência ímpar, e a cidade proporciona vários ambientes para que esse esporte seja explorado”. Foi pelo mar que ele descobriu “lugares que sequer sabia que existiam” e hoje tem um novo olhar para o lugar onde mora.
Piazzarollo, porém, não se limita a praticar somente um esporte. É de bicicleta que desde criança explora a Capital: “comecei a sentir a cidade dessa maneira. Primeiro pedalei pela orla de Camburi, depois fui além, em direção ao Centro. Vitória melhorou muito para os ciclistas. Hoje em dia tem muito mais ciclovias e está tudo interligado”, observa.
ACADEMIAS POPULARES
A prática esportiva em Vitória pode ser sozinha, em grupo e até orientada nas academias populares espalhadas pela cidade. Os equipamentos estão instalados em São Pedro, Santo Antônio, Resistência, Ilha de Santa Maria, Itararé, Tabuazeiro, Santa Martha, Horto de Maruípe e Goiabeiras. Todas funcionam com a presença de um profissional de Educação Física e ofertam atividades pela manhã e à noite.
A aposentada Maria Gomes da Cruz Fraga, de 78 anos, é frequentadora assídua do espaço no Horto, bem próximo de onde mora, no Bonfim. Ela se exercita no local desde a inauguração e faz isso para sua realização pessoal.
“Depois que me aposentei, tive o direito de fazer tudo o que eu queria fazer. Não faço para ninguém ver, faço algo que eu gosto. Amo fazer exercícios.”
Dona Maria chega cedo, às 6h30, e faz de tudo - diz que só não consegue pular porque o joelho não aguenta. Ela caminha, se alonga, e faz musculação. Já chegou a empurrar 80 quilos em um dos exercícios, mas, cheia de bom humor, afirma que “como já não está com a bola toda”, prefere se limitar aos 40 quilos para fortalecer os músculos. “Nós temos a ‘fichinha’ onde olhamos o que tem que fazer. Os professores são ótimos - ensinam e corrigem”.
Para se matricular em uma academia popular, é necessário ser morador de Vitória e se cadastrar em vixcursos.vitoria.es.gov.br. Na primeira aula, para validar a matrícula, o aluno deve apresentar identidade e CPF, comprovante de residência e atestado físico (para pessoas acima de 40 anos). adjust
Alio qualidade de vida e saúde com o que nos é oferecido pela cidade, de graça.”
Flavia Sarte
Consultora de negócios
Acervo Pessoal
Depois que me aposentei, tive o direito de fazer tudo o que eu queria fazer; e eu amo fazer exercícios”
Mª Gomes da Cruz
Aposentada
Pratico ciclismo de estrada e Vitória me ajuda muito - o clima é ótimo, o relevo é propício, e aqui é um lugar seguro”
Cássio Moro
Juiz do Trabalho
Acervo Pessoal
Morar em Vitória para quem gosta de atividade física é uma experiência ímpar”
Vitor Piazzarollo
Advogado
Acervo Pessoal
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POR DENTRO DE VITÓRIA
Parques
estimulam
o contato
permanente com
a natureza
FERNANDO MADEIRA / arquivo a gazeta
Do alto da Fonte Grande, o visitante avista toda a cidade
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POR DENTRO DE VITÓRIA
PARQUES PARA VISITAR
O município tem 17 dessas áreas verdes, que apresentam espécies nativas da fauna e flora e estão abertas diariamente
De uma ponta a outra, Vitória é desenhada pelas cores de suas áreas verdes. Em pouco mais de 20 quilômetros do trajeto que separa o Parque da Fonte Grande, na região de São Pedro, do Botânico Vale, em Jardim Camburi, é possível percorrer caminhos que levam também a outros parques. Ao todo, são 17 espalhados por 14 bairros da cidade, com centenas de milhares de metros quadrados de muita natureza.
Localizado no bairro Grande Vitória e no “coração” do maciço central de Vitória está o Parque Estadual da Fonte Grande, o maior da cidade. São 218 hectares de Mata Atlântica e cerca de 50 nascentes. Essa abundância de água dá nome ao local, fonte de abastecimento hídrico para a Capital por um longo período desde a época colonial.
O Parque da Fonte Grande é um convite irrecusável à apreciação da vista, já que é o segundo ponto mais alto da cidade - 310 metros acima do nível do mar - só perdendo a primeira colocação para a Ilha de Trindade. São quatro mirantes, três deles inaugurados em maio deste ano, que oferecem uma visão panorâmica da “Ilha do Mel” e dos municípios de Vila Velha e Cariacica.
Para ter acesso aos mirantes, é necessário caminhar por trilhas pela mata, todas autoguiadas. O parque funciona de terça-feira a domingo, incluindo feriados, das 8h às 17h, e a entrada, gratuita, é feita através da avenida Serafim Derenzi.
Dois parques de Vitória passam por obras e, por isso, estão temporariamente fechados para o público. É o caso do Parque Municipal Gruta da Onça, famoso por suas trilhas entre nascentes e riachos, e o Parque Natural Vale do Mulembá, uma área de preservação com 142 hectares de Mata Atlântica. adjust
DIVULGAÇÃO
Tabuazeiro
Trilhas íngremes levam a pontos privilegiados para a observação da região, já que o parque está encravado no maciço central de Vitória. Para os interessados, o local conta com viveiro de plantas medicinais e faz distribuição de maços e mudas. Funciona de terça a domingo, das 7h às 22h.
RICARDO MEDEIROS
Moscoso
Um dos mais tradicionais e o mais antigo parque de Vitória. Oferece um “oásis” em meio à agitação do Centro com lago com peixes, a Concha Acústica e paisagismo preservado. Funciona segunda-feira, das 6h às 9h e das 17h às 22h, e de terça-feira a domingo, das 6h às 22h.
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PARQUES PARA VISITAR
Divulgação
Botânico Vale
Em 33 hectares, é ideal para quem quer conhecer diferentes espécies da flora da Mata Atlântica - são 140 catalogadas no local. Outra atração é um vagão-biblioteca. Fica em Jardim Camburi. O parque está temporariamente fechado devido à pandemia.
Horto de Maruípe
Seus cinco hectares são um convite para a prática de caminhadas circulando lagos e um córrego formados pelas águas de uma nascente do local. Funciona às segundas, das 5h às 9h e das 17h às 22h, e de terça-feira a domingo, das 5h às 22h.
DIVULGAÇÃO
Fernando Madeira/Arquivo A Gazeta
Pedra da Cebola
A famosa pedra em formato de cebola dá nome ao parque de 10 hectares de restinga e Mata Atlântica. Pequenos répteis e aves habitam o local. Fica na Mata da Praia e funciona às segundas, das 5h às 9h e das 17h às 22h, e de terça-feira a domingo, das 5h às 22h.
Atlântica Parque
Destino ideal para esportistas, oferece campo de futebol de grama sintética, pista de bicicross, pista de skate, espaço para musculação e ginástica funcional. Fica na avenida Dante Michelini e é um parque aberto.
DIVULGAÇÃO
LEONARDO SILVEIRA/PMV
Refúgio da Vida Silvestre
da Mata Paludosa (Fazendinha)
São 23 mil metros quadrados de área verde
e um grande lago. Sedia um centro de educação
ambiental e pesquisa para conservação do
jacaré-do-papo-amarelo. Fica na rua Eugênio
Pacheco de Queiroz e funciona de terça a
domingo, das 6h às 19h.
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CAPITAL HUMANO
Moradores fazem a diferença no dia a dia da Capital
Juliana Lisboa • Renato Pontello
Designer • Artista
Queremos trabalhar rumo a uma cidade onde as pessoas se sintam mais pertencentes e donas deste local. ”
Rodrigo Gavini
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CAPITAL HUMANO
Iniciativas individuais ou ações de grupos contribuem para uma cidade melhor para se viver
A maioria das pessoas deseja viver em uma cidade com mais qualidade de vida e menos desigualdades, porém espera apenas do poder público ações para promover o bem-estar social. Outras, contudo, exercitam plenamente o sentido da palavra cidadania e dão sua contribuição.
Em Vitória, os exemplos estão espalhados pelas comunidades, como é o caso do motorista Antônio dos Santos, de 73 anos. Quando se aposentou, ele pensou em começar algo que lhe rendesse uma ocupação nos momentos livres e, ao mesmo tempo, ajudasse a melhorar o meio ambiente.
Assim, surgiu a ideia de cultivar árvores pela cidade e já se passaram mais de 10 anos desde a primeira muda plantada em Maria Ortiz, bairro onde mora há quatro décadas.
“Pensei: ‘aposentado vai ficar em casa fazendo o quê?’ Isso é mais importante, fazer uma cidade mais verde e com mais saúde para todo mundo”, conta Seu Antônio, como é mais conhecido.
Os moradores da região também o reconhecem pela iniciativa, elogiam sua dedicação e contribuem para o projeto. “Na orla de Maria Ortiz, onde plantei muitas mudas, as pessoas passaram a ter mais respeito, cuidar de onde estava abandonado, cultivaram jardins. Lá tem ipês que vão dar flor em breve”, relata ele, que pensa no legado verde que deixará para as próximas gerações.
Mas a disposição do aposentado nascido e criado em Vitória é tão grande que o bairro Maria Ortiz acabou ficando pequeno para tantas mudas. Seu Antônio calcula que já plantou cerca de 320 árvores em mais de uma década, e precisou expandir o plantio para outros locais, como a região do Aeroporto, Goiabeiras, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Avenida Fernando Ferrari.
Suas mudas preferidas são as de árvores frutíferas, como acerola, goiaba, graviola e manga. As que foram plantadas há alguns anos já começaram a produzir frutos. “Tem dias que saio para plantar, outros dias saio para molhar. É o maior prazer da minha vida. Uma bênção, uma dádiva que Jesus me deu. E melhora o ambiente para mim e para todos.”
TONELADAS DE LIXO
É o meio ambiente que também direciona as ações do Projeto Pegada. No ano de 2019, a imagem de um marlim-azul de 80 metros, feito com 16 toneladas de lixo, foi tirada em Vitória e rodou o mundo. Era uma tentativa do grupo de chamar a atenção para a importância de manter a limpeza das praias e, particularmente para Camburi, onde todo o material havia sido recolhido.
“O impacto foi tão grande que um amigo da Coreia do Sul recebeu a foto”, lembra o administrador e ambientalista Fabio Medeiros.
Ele é um dos diretores do projeto, que começou em 2014 quando o casal Renata e Rafael Braga teve a iniciativa de recolher lixo nas praias de Vitória. De apenas duas pessoas, agora é um movimento que possui cerca de 700 voluntários cadastrados e interessados na preservação do meio ambiente.
Medeiros ressalta que a proposta do Pegada é cuidar e promover ações em prol da conservação da natureza e, com o lixo recolhido, fazer intervenções artísticas de modo a alertar para o que a população está fazendo com o lugar onde vive.
“Uma arte no final da ação grita muito mais aos olhos das pessoas do que empilhar todo o lixo. O lixo reeditado é um tapa na cara da sociedade”, avalia.
Além das campanhas de limpeza, o projeto hoje também monitora as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) de Vitória, como a Baía das Tartarugas. “Temos uma rede de mais de 200 pessoas com olhos no que está acontecendo na cidade. Nós queremos deixar esse legado da consciência, da responsabilidade de cada um sobre a preservação. Isso vai tornar Vitória muito mais agradável, saudável e aprazível. O capixaba precisa dar mais valor ao que tem aqui: uma beleza natural maravilhosa.”
ARTE NA RUA
O ambiente também pode ser melhor com ações que passam por outro modo de conservação e valorização. É a que se propõe o projeto Cidade Quintal, criado pelo casal Renato Pontello e Juliana Lisboa. Quem chega a Vitória pela Segunda Ponte, logo se depara com uma obra de arte assinada pela dupla. As paredes e muros das edificações da Ilha do Príncipe são decoradas com desenhos e pinturas que contam os 100 anos de história do bairro.
“Queremos trabalhar rumo a uma cidade onde as pessoas se sintam mais pertencentes e donas deste local. Trabalhar para fomentar que esses territórios cuidem de si e entendam o valor do seu espaço público. Nós gostamos de provocar isto nas pessoas - o apreço pela cidade - porque entendemos que essas características tornam o território mais fortalecido, integrado, e onde as relações comunitárias passam de geração em geração”, pontua Renato.
Hoje, pode-se dizer, que eles expõem em uma galeria a céu aberto na cidade. Além da Ilha do Príncipe, já existem pinturas na Vila Rubim, Ilha das Caieiras, Bairro República e Piedade. adjust
Tem dias que saio para plantar, outros dias saio para molhar. É o maior prazer da minha vida.”
Antônio dos Santos
Motorista aposentado
Rodrigo Gavini
Uma arte no final da ação grita muito mais aos olhos das pessoas do que empilhar todo o lixo. O lixo reeditado é um tapa na cara da sociedade.”
Fabio Medeiros
Administrador e ambientalista
Rodrigo Gavini
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Encontro de gerações e
de amor pela cidade
CAPITAL HUMANO
juan pablo serrano arenas/pexels
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No relato de jovens moradores de Vitória e dos que viram a história acontecer, o mesmo sentimento de encantamento pela Capital
Em 470 anos, naturalmente Vitória se transformou ao longo do tempo e muito dessas mudanças puderam ser observadas nas últimas décadas. Para os que viram a história acontecer ou estão dando os primeiros passos na cidade, um sentimento em comum: o amor.
Exemplos de vitalidade, as moradoras Maria da Penha de Castro Pereira, de 102 anos, e Angela Rodrigues Amorim, 97, têm boas recordações do que já viveram na Capital.
Natural de Nova Almeida, Serra, Maria da Penha se mudou com o marido, Climério, e os quatro filhos para Vitória em 1957, morando, inicialmente, em Consolação. Em 1960, foram para a avenida Marechal Campos, na subida do Bonfim, e abriram uma mercearia. Quatro anos depois, inauguraram uma fábrica de picolés em Maruípe.
“Há algumas coisas que não me esqueço. A avenida Maruípe era chão puro, não tinha asfalto quando viemos para cá. Em Vitória, houve muito alagamento. Antigamente, a Praia do Canto e a Enseada do Suá tiveram que ser aterradas. Na década de 60, meus filhos e eu frequentávamos as praias de Camburi e Santa Helena. Também lembro muito dos trilhos no bondinho, no Centro e em Jucutuquara”, recorda a moradora centenária.
Para Angela Amorim, Vitória está bastante diferente. “Com 6 anos, comecei a estudar no Colégio do Carmo, no Centro. Vitória era beleza natural. Adorava a Vila Rubim e a Ilha do Príncipe. Mudou muito. Lembro do Saldanha da Gama, época que deixávamos os sapatos na porta e íamos dançar bolero e gafieira na adolescência. Quando voltei para Vitória, aos 45 anos, fui uma das primeiras moradoras de Jardim da Penha. Começamos a construir a igreja católica (São Francisco de Assis) no bairro, próximo ao Sesi. Fui uma das primeiras comerciantes do bairro também”, lembra.
As duas desejam prosperidade para Vitória e se conectam com os bons sentimentos das novas gerações, que valorizam as belezas da Capital e pedem, ainda, mais reconhecimento ao que o município oferece de bom.
Aos 15 anos, Fernanda Francisco Cruz Júlio da Silva, que nasceu em São Pedro e estuda na Ilha das Caieiras, tem orgulho de morar em Vitória.
“Qualquer ponto da nossa cidade é lindo. Amo ir às praias daqui, principalmente Curva da Jurema e Camburi. Gostaria muito que as pessoas valorizassem mais a nossa terra”, ressalta a adolescente que tem, entre as atividades que mais gosta de fazer, a participação nas aulas de dança na Fafi, no Centro.
Com um olhar doce, um sorriso tímido e uma vontade grande de vencer, a jovem Tauana Pereira Lima, de 17 anos, nasceu e cresceu na comunidade de Bonfim, onde brincou de casinha, se pendurou em árvores, correu e pulou muito na infância. Atualmente, estuda em uma escola municipal em Maruípe, destacando, inclusive, que é a única da família a chegar ao ensino médio.
“O mirante da minha comunidade é lindo. É o lugar que mais gosto aqui em Vitória, pena que poucas pessoas conhecem. Dá para ver vários pontos da cidade. Dá muita paz. Sentimos o vento bater, podemos pensar na vida, tudo calmo e sem barulho”, descreve Tauana, que conheceu vários atrativos de Vitória, como Parque Gruta da Onça, Camburi e Museu Capixaba do Negro (Mucane), por meio do ProJovem, um projeto da administração municipal voltado para esse público. “Eu amei conhecer esses lugares”. adjust
CAPITAL HUMANO
Qualquer ponto da nossa cidade é lindo. Amo ir às praias daqui, principalmente Curva da Jurema e Camburi. Gostaria muito que as pessoas valorizassem mais a nossa terra.”
Fernanda Francisco
Cruz Júlio da Silva,
Moradora de 15 anos
Antigamente, a Praia do Canto e a Enseada do Suá tiveram que ser aterradas. Na década de 60, meus filhos e eu frequentávamos as praias de Camburi e Santa Helena. Também lembro muito dos trilhos no bondinho, no Centro e em Jucutuquara.”
Maria da Penha de Castro Pereira
Moradora de 102 anos
Vitória era beleza natural. Adorava a Vila Rubim e a Ilha do Príncipe. Mudou muito. Lembro do Saldanha da Gama, época que deixávamos os sapatos na porta e íamos dançar bolero e gafieira na adolescência.”
Angela Rodrigues Amorim
Moradora de 97 anos
O mirante da minha comunidade é lindo. É o lugar que mais gosto aqui em Vitória, pena que poucas pessoas conhecem. Dá para ver vários pontos da cidade. Dá muita paz. Sentimos o vento bater, podemos pensar na vida, tudo calmo e sem barulho.”
Tauana Pereira Lima
Moradora de 17 anos
fotos: Acervo pessoal
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CAPITAL HUMANO
Personalidades revelam seus lugares preferidos em Vitória
Fernando Madeira/Arquivo A Gazeta
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Da arte, da gastronomia e da política, capixabas de destaque indicam os pontos que a cidade mais os encanta
Já não importa se nascido em Vitória ou residente, se vive na Capital ou pelo mundo. O fato é que quem conhece a cidade vai sempre ter aquele cantinho preferido, o recanto onde reencontra as origens, aprecia a natureza ou se conecta com o divino.
Para celebrar o aniversário de Vitória, personalidades de diferentes áreas indicaram seus lugares preferidos. E você, qual local escolheria?
CAPITAL HUMANO
Renato Casagrande
Governador do Espírito Santo
Visão ampla
Meu local favorito em Vitória é o Parque da Fonte Grande, pois tem uma visão ampla da Capital e das cidades ao seu redor.”
Silva
Cantor e compositor
Memórias afetivas
Sou apaixonado pelo Centro. Minha avó paterna morou ali por muitos anos. Minha formação musical inteira foi na Fames. E musicalmente eu vivi coisas incríveis ali, como no Theatro Carlos Gomes, onde já vi tantas coisas lindas. O Centro me representa muito como músico, pessoa e capixaba.”
Elizabeth nader/pmv
Elisa LucindA
Atriz e poetisa
Cartão-postal
Eu tenho um amor pela Cidade Alta, que eu me lembro de achar uma coisa chiquérrima da Ilha e eu amo o Parque Moscoso, onde eu estudei na escola que tinha ali, a primeira da minha vida. É um cartão-postal muito forte no meu coração.”
Ricardo Medeiros/Arquivo A Gazeta
Juarez Campos
Chef de cozinha e comentarista da CBN Vitória
Gente feliz
Adoro a Praia de Camburi, onde pedalo diariamente. As manhãs são visualmente bonitas, vejo um mundo de gente feliz praticando esportes e a infraestrutura é incomparável no Brasil. Não tem outra praia no Brasil com esta estrutura.”
Lorenzo Pazolini
Prefeito de Vitória
Contemplação
Seria injusto da minha parte dizer que tenho um lugar preferido em Vitória. Gosto de contemplar nossa Capital como um todo, e, para fazer isso, vou ao monte Horebe, de onde consigo ver quase todos os cantos da cidade, ao nascer ou ao pôr do sol.”
Fernando Madeira/Arquivo A Gazeta
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CAPITAL HUMANO
Mais eficiência na gestão e avanço para os próximos anos
No primeiro aniversário da cidade à frente da Prefeitura de Vitória, Lorenzo Pazolini faz um balanço do início da gestão e projeções para os próximos anos. Entre suas propostas, uma administração mais eficiente e a busca constante para que esteja conectada no presente e no futuro e, sobretudo, atenta às pessoas. Confira a entrevista na próxima página:
Divulgação/PMV
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Vacinação contra a Covid-19
Jansen Lube/pmv
Obras no Cmei Rubens
José Vervloet
Jansen Lube/pmv
Guarda Municipal agora tem Núcleo de Inteligência
Jansen Lube/pmv
Aulas presenciais têm protocolos de prevenção ao coronavírus
Jansen Lube/pmv
Novos semáforos instalados
em Camburi
Jansen Lube/pmv
CAPITAL HUMANO
Qual balanço o senhor faz dos primeiros meses da administração municipal?
Lorenzo Pazolini, prefeito de Vitória: Os primeiros meses da administração já apresentam muitos resultados. Vacinação ágil no combate ao coronavírus, redução nos índices de criminalidade, retorno das aulas presenciais, ações de mobilidade urbana, entrega e retomada de obras, retorno de atividades esportivas e culturais são algumas das principais ações realizadas, mesmo em um momento de pandemia, com enormes desafios econômicos e de saúde pública.
Assumimos a prefeitura com menos de R$ 10 milhões de recursos próprios para investimentos em 2021. Estamos estabelecendo novos padrões fiscais e de eficiência na gestão, que gerou uma economia de R$ 90 milhões, possibilitando ampliar serviços, implantar modelo educacional focado em melhores índices de aprendizagem, saúde com atendimento resolutivo, mais segurança e proteção ao emprego e renda, por meio ainda do estímulo ao setor produtivo com alívio na carga tributária. Em face da economia gerada nos primeiros meses, foram retomadas diversas obras que se encontravam paralisadas.
Vitória apresenta bons indicadores de qualidade de vida. Em que áreas pode avançar?
Em pouco mais de seis meses de gestão, avançamos na desburocratização de processos. Estabelecemos o novo marco regulatório para aprovação de projetos e licenciamento de obras, reduzindo o número de documentos exigidos para a obtenção do alvará de autorização para pequenas reformas ou serviços similares e também facilitando a elaboração e a aprovação do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV).
Soma-se ainda o projeto de lei elaborado pela PMV, aprovado na Câmara Municipal (Lei 9772/2021), que estabelece critérios de classificação de risco de obras, tornando Vitória a primeira Capital do país, segundo o Banco Mundial, a adotar tal procedimento. A estimativa é que o tempo médio para a aprovação de um empreendimento caia de 261 para 38 dias.
Humanização dos espaços urbanos e incentivo ao comércio também são prioridades. Publicamos decreto que simplifica a aprovação de parklets - que qualificam o uso do espaço público de forma democrática. Food trucks e ambulantes também foram beneficiados visando estimular o desenvolvimento da economia e a geração de renda.
Quais ações podemos destacar para o aumento da sensação de segurança?
A segurança é tratada diretamente com o gabinete do prefeito desde o primeiro dia de gestão. As ocorrências são acompanhadas em tempo real. Houve redução em todos os índices criminais no primeiro semestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020.
Implementamos o Núcleo de Inteligência da Guarda. Os agentes de proteção comunitária foram equipados com novo armamento e instrumentos não letais. Para os agentes de trânsito, foram adquiridos etilômetros (bafômetro). A logística das equipes de rua foi reajustada. A Ronda Ostensiva Municipal (Romu) teve a primeira turma formada e está atuando. Dois cães da raça pastor-belga-malinois estão em treinamento para participar das ações da Romu.
Novos aparelhos de videomonitoramento estão sendo instalados e o município possui ainda 97 câmeras de segurança, um aumento de 40% desde que assumimos. O estacionamento rotativo, antes com 62 câmeras, está com 120. Os agentes estão utilizando a plataforma Guarda Online, que permite atendimentos de ocorrências, ordens de serviço e controle de guarnições.
Quais os principais desafios e investimentos na Saúde e Educação?
Na Saúde, nosso principal objetivo é ampliar o acesso da população aos serviços, promovendo velocidade e dignidade no atendimento. Reduzir o tempo de espera para a realização de consultas de especialidades e exames será possível por meio de contratação de serviços complementar ao SUS. Vamos começar com a oferta de oftalmologia. Serão mais de 100 mil consultas, exames e procedimentos. Em paralelo, estamos providenciando editais para outras especialidades. Vamos também implantar a “Casa Rosa”, que será referência na assistência às pessoas em situação de fragilidade ou violência, especialmente mulher e famílias.
Educação é prioridade. A rede municipal, que tem hoje 44.308 matriculados, foi a primeira a retornar as aulas presenciais com rigorosos protocolos contra a Covid-19. As famílias que não optaram pelo retorno presencial são atendidas pelo ensino remoto. Já estudantes que não possuem acesso aos meios digitais recebem atividades impressas e livros didáticos.
Lançamos o Educar para Vitória, que oferecerá aulas de reforço e auxiliará estudantes com dificuldade de aprendizagem no ensino fundamental. Durante a suspensão das aulas presenciais, distribuímos mais de 40 mil kits de alimentação, com gêneros não perecíveis, e mais de 40 mil kits verdes, com produtos da agricultura familiar.
Como garantir que Vitória seja uma cidade do futuro?
A Capital só pode ser considerada a cidade do futuro quando estiver conectada. Isso significa que será necessário interligar produtos, serviços e soluções que já existem, por meio da internet. Esse processo é conhecido como digitalização e é bem mais amplo que o sentido da palavra. Significa que nossos produtos e serviços precisam ser conectados e eficientes.
Um exemplo da Vitória do futuro pode ser mais simples do que se imagina: e se os semáforos das principais ruas e avenidas da Capital fossem inteligentes? Com o desenvolvimento da tecnologia, isso já é possível com um sistema capaz de identificar quando o fluxo de veículos aumenta em determinado ponto da cidade. Assim, os semáforos ficam fechados por menos tempo e permitem que o tráfego de veículos não provoque engarrafamentos. A Prefeitura de Vitória já trabalha nesse sentido. adjust
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